Uma despolpadeira do fruto de butiá desenvolvida na Unisul é usada por cerca de 50 famílias em uma comunidade rural de Imbituba. Mais barata e rentável que as opções do mercado, a máquina é resultado de uma inovação frugal, um processo que possibilita inovações locais e sustentáveis.
A despolpadeira é um dos resultados de ações do Centro de Desenvolvimento Sustentável (Greens) da Unisul, que lidera o Projeto Bridge: ‘construindo resiliência numa economia global dinâmica, complexidade no nexo entre alimentos-água e energia no Brasil’. O projeto recebe fomento da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc), Fundo Newton e Research Councils United Kingdom (RCUK) e reúne as universidades de Cambridge e Unisul.
“A inovação frugal que desenvolvemos no âmbito do projeto Bridge, a despolpadeira de Butiá, possibilita o desenvolvimento de inovações locais simplificadas e, muitas vezes, únicas”, explicou o professor José Baltazar Salgueirinho Guerra, líder do projeto. “É adequada quando falamos de ambientes locais, comunidades, que têm recursos limitados. Durante toda a preparação do protótipo e da máquina da despolpadeira de butiá nós tivemos sempre o desafio de contextualizar este equipamento, esta inovação com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).”
Além dos benefícios para a comunidade reunidos na Associação Comunitária Rural de Imbituba (Acordi), o projeto foi objeto de um artigo científico. Com o título “Desenvolvimento de inovação frugal para a sustentabilidade: o caso do extrativismo do ‘Butia catarinensis’ no Brasil (em tradução livre para o português) foi publicado no Journal of Cleaner Production, uma das mais importantes da área.
Os dados mostram que o preço final do produto frugal, feito de peças recicladas, é 65% mais barato que os equipamentos existentes no mercado. Também há uma rentabilidade de 68% em relação ao equipamento existente, que normalmente chega a 40% de polpa. Tudo isso faz com que seja agregado valor ao butiá.
De acordo com Ana Regina Aguiar Dutra, professora dos programas de pós-graduação em Ciências Ambientais e Administração e pesquisadora do Greens, o primeiro passo da abordagem da inovação frugal é a escuta da comunidade. “Nós escutamos a necessidade de produtores e de coletores de butiá porque eles queriam agregar maior valor ao butiá”, contou.
“A partir desta demanda, trouxemos para dentro da universidade, da Unisul, e passamos a estudar por meio de uma dissertação. Desenvolvemos um protótipo, finalizamos o equipamento e durante todo o processo de construção do equipamento tivemos a participação de representantes da associação de produtores de butiá. É preciso escutar a comunidade, envolvendo-a na concepção e na construção do equipamento, que precisa ser acessível em termos de recursos, de acesso e de adequação às necessidades da comunidade”, avaliou.
Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de SC
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