Uma parceria entre o Brasil e a Alemanha sugere a implantação, no Brasil, de uma cadeia produtiva de imãs de alta potência, produzidos com minerais de terras-raras. A proposta será apresentada pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) em um Workshop que acontece na próxima quinta-feira (31) em Florianópolis, voltado a representantes de empresas e instituições de pesquisa.

 

O objetivo do encontro é apresentar o pré-projeto de um laboratório-fábrica de ímãs de terras-raras, capaz de produzir magnetos em pequena escala para suprir a demanda nacional, oferecendo ao mercado uma alternativa mais rápida e econômica aos produtos importados e não customizados utilizados atualmente. O estudo contratado pela ABDI junto à Fundação Certi (Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras) contou com a participação do Instituto Fraunhofer, que foi financiada pelo Governo da Alemanha.

 

Para complementar as discussões, entre os dias 7 e 9 de abril, uma comitiva da ABDI participa da Feira de Hannover, na Alemanha, que reúne empresários daquele país para discutir o projeto. Os minerais terras-raras são um grupo de 17 elementos que se encontram misturados a outros minerais e que possuem alta capacidade de imantação.

 

As propriedades particulares dos terras-raras podem ser utilizadas em um grande número de produtos e ter aplicações militares, industriais, em equipamentos de escritório e informática, médicos-hospitalares e domésticos. Além disso, suas aplicações estão voltadas para produtos ambientalmente corretos, substituindo tecnologias poluentes e danosas ao meio ambiente.

 

Seu uso é crescente no mundo todo desde 1990 e a China tem exercido papel cada vez mais importante no cenário desde 1980, quando começou a explorar terras-raras. A produção e as fontes de terras-raras são dominadas pela China, que conta com aproximadamente 98% da produção, seguida pela Índia, com 2%. No entanto, a tendência é que a exportação da China seja cada vez mais restrita, tendo em vista uma decisão do governo chinês de restringir, ou até proibir, a exportação.

 

“O cenário mundial abre boas possibilidades para a criação de uma cadeia produtiva de imãs de terras-raras no Brasil. A demanda por esses metais tende a aumentar entre 10 e 20% ao ano, devido ao uso crescente de elementos utilizados na fabricação de carros híbridos elétricos e geradores para turbinas eólicas, por exemplo”, esclarece o gerente de Assuntos Internacionais da ABDI, Roberto Alvarez.

 

Descoberta

 

A primeira grande fonte mundial desses elementos foi encontrada no Brasil, em 1886, nas praias de Cumuruxatiba (BA) e começou a ser usada para atender à demanda por produção de mantas incandescentes de lampiões a gás. O País já foi o maior produtor mundial de terras-raras até 1915, quando passou a alternar essa posição com a Índia durante 45 anos. Em 1995 encerrou a produção.

 

 

 

Os preços altos das terras-raras são causados pela dificuldade em extraí-las do minério e separá-los um do outro. O processo inclui mineração e moagem do minério bruto e imersão do material em soluções químicas para produzir concentrados de terras-raras, que serão então refinados a óxidos de alta pureza. Os óxidos de terras-raras são então transformados em metais dos quais são produzidas as ligas. O custo para a implantação de um laboratório-fábrica de imãs pode ser de cerca US$ 2 milhões.

 

Brasil – Alemanha

 

O acordo Brasil – Alemanha faz parte de uma ação internacional de cooperação Industrial em áreas intensivas em tecnologia conduzida pela ABDI. Desde 2010, a ABDI realiza ações de cooperação entre Brasil e Alemanha, especialmente para promoção da inovação tecnológica, integração produtiva e aumento da competitividade de empresas brasileiras. Visando a consolidação de parcerias diretas, a Agência promove o diálogo entre empresas, governos e instituições de ciência e tecnologia. Desenvolve ainda ações em duas frentes principais: a elaboração de pré-projetos de empreendimentos tecnológicos/industriais de cunho inovador e a construção de uma plataforma de diálogo de inovação público-privado entre os dois países, na qual se encaixa o Laboratório de Aprendizagem em Inovação que aconteceu em São Paulo nos dia 24 e 25 de março.

 

Além dos projetos da cadeia produtiva de imãs de terras raras, está em fase de estruturação o projeto de uma fábrica-laboratório de próteses ortopédicas. De acordo com o MCT, os recursos destinados pelo Ministério e suas agências de fomento – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) – aos programas de cooperação com a Alemanha chegam a cerca de R$ 20 milhões.
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