
Documento foi lançado durante o Delas Summit, em Florianópolis, e está disponível para consulta no site da Fapesc. (Fotos: Milena Nandi/Fapesc)
A contribuição feminina no ecossistema de Ciência, Tecnologia e Inovação (CTI) foi documentada pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc), em um relatório inédito em Santa Catarina. O “Mulheres de Impacto: da Ciência à Inovação em Santa Catarina” traz dados e informações sobre a participação na pesquisa, tecnologia, inovação e empreendedorismo, a evolução ao longo dos anos da presença feminina no ecossistema e demonstra como ações de apoio do Governo do Estado, por meio de editais da Fapesc, colaboram com a melhoria de cenário.
O relatório traz informações até o ano de 2024 e foi lançado durante o Delas Summit, o maior evento de empreendedorismo feminino do Sul do país, realizado pelo Sebrae SC em Florianópolis nos dias 30 e 31 de outubro.
“A publicação tem o objetivo de reconhecer e valorizar a contribuição da mulher no ecossistema de CTI catarinense e ser fonte para dados que possam colaborar com a visualização do panorama e uma avaliação de ações adotadas e planejamento de iniciativas futuras. O documento foi elaborado a partir de informações de órgãos públicos e privados estaduais, nacionais e internacionais”, explica a diretora de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fapesc, Valeska Tratsk.
Ela ainda destaca que a Fundação tem se empenhado em ampliar sua atuação no fomento e incentivo à presença feminina no ecossistema catarinense. “A Fapesc possui programas direcionados como o Mulheres+Tec e o Mulheres+Pesquisa, que contam com o apoio e a parceria da vice-governadora de Santa Catarina, Marilisa Boehm, que atua como embaixadora dessas iniciativas”, complementa.

Investimentos públicos ampliam possibilidades
Os programas Mulheres+Tec (para apoiar o empreendedorismo feminino em spin-offs e startups) e Mulheres+Pesquisa (para apoiar projetos de pesquisa liderados por mulheres), lançados em 2022 e 2024, respectivamente, pela Fapesc, foram grandes instrumentos para apoiar o crescimento da participação feminina na ciência, na tecnologia e na inovação e criar um ambiente mais inclusivo.
O relatório aponta que, entre 2022 e 2024, a Fapesc fomentou 78 projetos liderados por empreendedoras em 21 municípios catarinenses, por meio do Mulheres+Tec. O valor médio que cada projeto recebeu do edital cresceu ao longo das edições do programa, passando de R$ 57,6 mil em 2022 para R$ 111,3 mil em 2024. Já o valor total de investimento do Governo do Estado no Mulheres+Tec passou de R$1,4 milhão para mais de R$ 4 milhões no mesmo período.
Na primeira edição do edital Mulheres+Pesquisa, foram aprovados e fomentados 29 projetos liderados por mulheres vinculadas à Instituições de Ciência, Tecnologia e Inovação (ICTIs) em sete municípios catarinenses. Em média, cada projeto recebeu R$ 96,5 mil e o valor total do edital foi de R$ 2,7 milhões.
Presença na pós-graduação
De acordo com o relatório, que traz dados até o ano de 2024, há uma predominância feminina no mestrado, doutorado e pós-doutorado, com percentuais superiores aos masculinos ao longo dos anos. A iniciação científica apresentou variações, com um pico de participação feminina em 2022, cerca de 65%. O doutorado sanduíche registrou 69% de participação feminina em 2024. No pós-doutorados, mulheres lideraram em todos os anos, com oscilações nos percentuais.
O incentivo à formação de novos mestres, doutores e pós-doutores faz parte da política da Fapesc, que oferece bolsas por meio de editais. Além disso, a Fundação inclui bolsas para estudantes de pós-graduação em diversas chamadas públicas, assim como abre possibilidades da inclusão de profissionais que já concluíram essa fase da pós-graduação.
Sobre a participação de mulheres nos editais de bolsas da Fapesc entre 2020 e 2024, variou de 38% para 58%, com um pico de 66% em 2022. Em números absolutos, o total de mulheres beneficiadas passou de 52 em 2020 para 116 em 2024, enquanto o número de homens reduziu de 86 para 85 no mesmo período. A maior discrepância ocorreu em 2022, quando 66% das bolsas foram concedidas a mulheres e 34% a homens. Nos últimos três anos, o percentual de mulheres que receberam bolsas tem sido consistentemente maior do que o dos homens.

Mulheres na pesquisa
A evolução da participação feminina nos projetos financiados pela Gerência de Ciência e Pesquisa da Fapesc, também foi levantada pelo relatório. Entre 2020 e 2024, o maior percentual foi alcançado em 2024 (52%), um aumento em relação a 2023, quando foi de 32,63%.
Já sobre os valores repassados pelos editais da Fapesc para o desenvolvimento de projetos de pesquisadoras, o salto foi de R$ 6,71 milhões em 2020 para R$ 64,31 milhões em 2024, reduzindo a diferença em relação aos homens (R$ 66,31 milhões). O total de fomento também cresceu, com destaque para o incremento entre 2022 e 2023 (R$ 43,33 milhões para R$ 128,10 milhões).
Presença em tecnologia e inovação
O documento lançado pela Fapesc traz informações sobre a participação das mulheres na área de tecnologia, onde segundo dados divulgados em 2023, ainda é limitada: elas representam cerca de 36% dos colaboradores no Brasil, 42,8% em Santa Catarina e somente 22,8% dos empreendedores. E sobre a presença de mulheres à frente de startups, dados divulgados em 2024 apontaram que 79% das startups surgiram nos últimos cinco anos, apenas 25,8% são lideradas por mulheres.
Apesar dos números refletirem uma realidade ainda distante da equidade, houve um crescimento da participação de mulheres em projetos fomentados pela Gerência de Tecnologia e Inovação da Fapesc entre 2020 e 2023, passando de 19,64% para 57,14%, indicando avanços no acesso das mulheres a recursos na área. No entanto, em 2024, houve uma queda para 36,77%, enquanto a participação masculina subiu para 63,23%. Valores recebidos por mulheres em editais da Gerência de Tecnologia e Inovação da
Fapesc, entre 2020 e 2024, evidenciando uma evolução no acesso a recursos de fomento. Em 2020, as mulheres receberam somente R$ 656,9 mil, um valor inferior ao dos homens. Já em 2024, o montante destinado às mulheres atingiu R$ 26 milhões, o maior do período.
O relatório Mulheres de Impacto divulgado recentemente pela Fapesc, traz dados e informações levantadas até o ano de 2024 e apontou ainda que Santa Catarina ocupa a sexta posição no ranking nacional de pedidos de patentes por mulheres e que entre as principais modalidades de propriedade industrial, Santa Catarina se destaca nos registros de marcas, acompanhando a tendência observada em outros estados brasileiros.
Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc)
Milena Nandi/milena.nandi@fapesc.sc.gov.br
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