Projeto desenvolvido em Criciúma e em Chapecó teve apoio do edital PPSUS (Fotos: Arquivo Unesc)
Na segunda matéria da série “Por Dentro da Fapesc”, vamos apresentar uma pesquisa desenvolvida em Criciúma, no Sul do estado e em Chapecó, no Oeste catarinense, que avaliou o impacto da pandemia de Covid-19 na saúde mental da população das duas regiões. O estudo foi realizado pela Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc) e pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), e teve como voluntários tanto pessoas que contraíram o Sars-CoV-2 quanto pessoas que não tiveram contato com o vírus.
A pesquisa “Investigação dos impactos da Covid-19 na saúde mental: um estudo de coorte”, foi selecionada pelo edital do Programa Pesquisa para o SUS: Gestão Compartilhada em Saúde (PPSUS). É um programa desenvolvido em todo o Brasil, como objetivo promover o desenvolvimento científico e tecnológico, atendendo às peculiaridades e necessidades de saúde de cada estado. Em Santa Catarina, o PPSUS é desenvolvido pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) e pela Secretaria de Estado da Saúde.
Em Criciúma, a líder do estudo foi a professora doutora da Unesc, Gislaine Zilli Réus, e em Chapecó, a professora doutora da UFFS, Zuleide Maria Ignácio esteve à frente da equipe.
Os voluntários da pesquisa tiveram a presença de estresse, depressão, ansiedade e transtornos do sono avaliadas. Foram investigados também marcadores de dano neuronal, bem como de inflamação e dano mitocondrial, marcadores que têm correlação com a ocorrência de transtornos psiquiátricos.
“Como resultado, encontramos que a Covid-19 impactou no desenvolvimento de transtornos psiquiátricos como a depressão e ansiedade e os níveis de estresse foram maiores naqueles que tiveram a doença. Mas também observamos que a pandemia em si e o medo gerado por ela, além do isolamento social, impactaram na saúde mental da população avaliada”, afirma Gislaine.
Segundo a pesquisadora, também foram encontrados marcadores de dano neural e marcadores de inflamação alterados em pessoas que tiveram Covid-19. “Observamos que seis meses após a primeira coleta de dados houve uma incidência maior de depressão. Algumas pessoas que não tinham depressão, desenvolveram. A Covid em si não foi associada ao quadro depressivo, mas supomos que a pandemia e todos os seus eventos tiveram de fato um impacto importante no desenvolvimento desses transtornos psiquiátricos ao longo do tempo”, explica.
Por meio do PPSUS, o estudo recebeu apoio financeiro, o que segundo Gislaine, foi importante para o desenvolvimento da pesquisa. “Foi primordial esse apoio da Fapesc. Recebemos duas bolsas de pós-doutorado o que ajudou muito na condução da pesquisa e a levar os resultados do trabalho para o conhecimento do público. O edital do PPSUS ajuda a ampliar as possibilidades de atuação do pesquisador para além do laboratório. Com ele, fazemos projetos já pensando na entrega para a sociedade e o quanto esse estudo vai trazer de benefício para as pessoas”, ressalta.
Confira o depoimento da professora Gislaine Zilli Réus no Instagram da Fapesc.
Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc)
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