Aos 66 anos Valdemiro Henrique foi diagnosticado com o mal de Parkinson, uma doença degenerativa que atinge cerca de 4 milhões de pessoas no mundo. Há alguns meses atrás, ele teve uma complicação e acabou indo parar em uma cadeira de rodas. Mas o que Valdemiro não esperava é que a Unesc (Universidade do Extremo Sul Catarinense) em Criciúma, poderia ajudar. Hoje ele já consegue andar sozinho, sem nem precisar de muletas, e se sente melhor a cada dia de tratamento.
A melhora se deu por conta dos exercícios físicos desenvolvidos pelo projeto de pesquisa da mestranda do PPGCS (Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde), Hérica Salvaro. Para Valdemiro, que já havia feito diversos outros tratamentos, a melhora foi uma grande surpresa. “Esse foi o único tratamento que deu certo pra mim. Os exercícios me ajudaram a voltar a andar, minhas pernas têm mais força agora, cada dia é uma evolução diferente”, comentou.
Além dos exercícios, Valdemiro também criou um grande vínculo com equipe do projeto e com os seus colegas de tratamento. “Eles atendem a gente muito bem aqui na Unesc. O carinho é o melhor remédio para nós. Sinto falta quando não é o dia de encontro do grupo, somos todos grandes amigos”, ressaltou.
Entenda o Parkinson
Segundo Hérica Salvaro, a principal característica da doença é a degeneração dos neurônios dopaminérgicos. “Esses neurônios são responsáveis principalmente pelo nosso movimento. Por isso que as pessoas com a doença apresentam tremor, dificuldade para caminhar, postura afetada, entre outros sintomas”, contou a mestranda.
Hérica afirmou ainda que diversos estudos apontam o exercício físico como ferramenta para reduzir a degeneração desses neurônios específicos, o que serviu como ponto de partida para o desenvolvimento da pesquisa na Unesc. “Com a prática eles sentem melhora na caminhada, na postura, diminuição do tremor, diminuição do risco de quedas, melhora do equilíbrio e de outros sintomas”, ressaltou.
Pesquisa é a chave para o tratamento
O tratamento é todo baseado em estudos, ele inclui exercícios de aquecimento, fortalecimento muscular, treino de equilíbrio e coordenação, exercícios respiratórios além de exercícios de reabilitação vestibular. As atividades são realizadas três vezes por semana, durante 50 minutos aproximadamente, sempre no período matutino.
Para Hérica, melhorar a vida das pessoas por meio da pesquisa é uma grande conquista. “Quando se trabalha com pesquisa, temos que ter dedicação exclusiva, dias de estudos, de testes, experimentos, temos que ter uma entrega total, porém quando teremos os resultados em mãos e quando olhamos os pacientes felizes e cada vez melhores, com certeza tudo isso vai ter valido a pena. É gratificante saber que não serão só essas pessoas beneficiadas e sim as pessoas com Parkinson do mundo inteiro”, contou a mestranda.
A vida do Ademar também mudou
Outro participante do projeto que sentiu uma evolução grande foi o Ademar Pacheco. Hoje ele sente uma segurança muito maior para caminhar, segurar objetos e diversos outros movimentos diários. “Desde que adotei o exercício a minha vida mudou. O Parkinson muitas vezes trava os meus movimentos, mas quando me sinto assim em casa já faço alguns exercícios orientados pela equipe e me sinto melhor”, comentou.
Ademar também ressaltou a grande família que ganhou com o projeto. “Além de sentir a minha melhora, ver os meus amigos evoluindo diariamente, junto comigo, também traz uma felicidade muito grande. Nós nos unimos muito e isso dá força para todos nós”, afirmou.
O projeto
O projeto, intitulado “Efeitos do Exercício Físico sobre a Resposta Inflamatória Sistêmica, Parâmetros de Estresse Oxidativo Plasmático e Sistema Vestibular em Pacientes com Doença de Parkinson”, tem orientação do professor Ricardo Pinho e ocorre no Lafibe (Laboratório de Fisiologia e Bioquímica do Exercício) da Unesc. Para mais informações entre em contato pelo telefone 3431-2532.
“Durante anos o meu grupo vem estudando em animais os efeitos do exercício sobre diversos mecanismos celulares na doença de Parkinson. Foi com base nisso que estamos promovendo uma translação daquilo que encontramos neste estudos, aplicando agora em humanos, com o objetivo central em reduzir a progressão da doença e melhorar a condição de vida desses pacientes”, comentou Pinho.
Fonte: Mayra Lima – Assessoria de Imprensa da UNESC