O cultivo de macieira surgiu em Santa Catarina entre as décadas de 1960 e 1970, na região do Vale do Rio do Peixe até o Planalto Sul catarinense. Atualmente, pode-se compreender que fatores ambientais e socioeconômicos colocam Santa Catarina em uma situação de destaque no ranking nacional e mundial de produção e cultivo de maçãs. No entanto, enfrentamos problemas vinculados ao rendimento médio dos pomares catarinenses, considerado baixo, em parte, decorrente do uso de porta-enxertos que induzem plantas de porte alto e vigorosos, associado às baixas densidades de plantas, que ainda fazem parte da maioria dos pomares.
São vários os fatores que devemos concentrar esforços para o desenvolvimento da cultura da macieira em Santa Catarina, tendo a pesquisa demonstrado avanços no desenvolvimento e implantação de novas cultivares e, principalmente, na utilização de porta-enxertos mais eficientes e de menor vigor, em especial os da série americana Geneva®, que reduzem o vigor das plantas, favorecendo a condução e a diminuição dos custos de produção, sendo uma das técnicas de manejo no processo de modernização de pomares de macieira em Santa Catarina.
A pesquisa tem contribuído na definição de cultivares, clones e porta-enxertos capazes de atender às exigências dos consumidores e o desenvolvimento de tecnologias adequadas de manejo e controle de doenças e pragas adequadas. Contudo, diante das limitações existentes para a cultura da macieira, a pesquisa necessita oferecer opções tecnológicas que permitam um número maior de plantas por unidade de área de plantio e a adoção de diferentes sistemas de condução com múltiplos eixos em duas dimensões.
Para que estas técnicas modernas sejam adotadas, é necessário o eficiente controle do vigor das plantas, utilizando porta-enxertos de menor vigor, além da possibilidade de adoção de poda e colheita mecânica. Assim, o desenvolvimento dos pomares de macieira com modernas técnicas de cultivo dependem da escolha correta, associado a diversas práticas de manejo para aumentar a quantidade de frutos comercializáveis, e assim melhorar a qualidade da fruta produzida.
Para isso, o programa de melhoramento genético da Universidade Cornell, nos Estados Unidos, vem desenvolvendo porta-enxertos da série americana Geneva® (série G), que estão sendo avaliados e implementados na pomicultura catarinense. Esses porta-enxertos são resistentes a algumas doenças e pragas de ocorrência frequente nos pomares catarinenses, além de induzirem um incremento à produtividade, capacidade de melhoria da brotação à copa, melhor angulação da inserção dos ramos no caule e, não menos importante, o vigor das plantas.
É importante destacar que os porta-enxertos da série G têm características de plantas requeridas para uso nos pomares catarinenses. Desta maneira, é necessário aprofundar os estudos sobre o desenvolvimento da tecnologia da série G nas diferentes condições edafoclimáticas de Santa Catarina e também na região Sul do Brasil.
Os novos pomares utilizando essas recentes combinações de cultivares e porta-enxertos da série G têm garantido ao pomicultor mais sucesso na escolha da combinação de densidades de plantio e sistemas de condução. Entretanto, é preciso avaliar os custos de implantação, condução e produção destes pomares, para determinar a viabilidade econômica dos futuros sistemas de cultivo. Diante desse contexto, a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) entra com o suporte a esses desafios da pomicultura catarinense, permitindo assim, que a realização de técnicas eficientes e rentáveis, com introdução desses materiais da série G, sejam a mudança mais importante na produção e cultivo de maçãs em Santa Catarina.
Por fim, cabe salientar que as principais vantagens da modernização dos sistemas de condução estão relacionadas com o aumento em produtividade, a precocidade de entrada em produção, a alta qualidade de frutos comercializáveis (packout) e o menor custo com mão-de-obra.
Amauri Bogo
Professor titular do Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal-CAV da Udesc, catedrático pela Universidade de Nebraska (EUA), Ph.D em Fisiopatologia pelo Imperial College of Science (Reino Unido), mestre em Fitopatologia pela Universidade de Brasília e especialista em Bacteriologia pela Universidade de Florença (Itália). Pesquisador PQ e membro do Comitê de Área do CNPq. Diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fapesc até 2022.