Entre 3 e 6 de outubro será realizado o VIII Congresso Brasileiro de Micologia na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), promovido pela Sociedade Brasileira de Micologia (SBMy), com apoio do Proevento, programa da FAPESC (Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina).
A expectativa era que cerca de 500 pessoas comparecessem ao evento, mas segundo Maria Alice Neves, também presidente da Comissão Organizadora, o número de inscrições já chega perto de mil. Nos dias que antecedem o encontro será realizado o “Rick Foray – incursões micológicas”, encontro organizado pelo Micolab que reunirá estudantes e micólogos para a coleta, análise de fungos e troca de experiências.
“É bem informal, mas é uma das melhores formas que temos de aprender. Vai ser uma grande oportunidade praticar em campo.”, comenta Maria Alice Neves, professora do Programa de Pós-Graduação em Biologia de Fungos, Algas e Plantas e do Departamento de Botânica, e uma das responsáveis pelo Laboratório de Micologia (Micolab) da UFSC.
Recentemente, pesquisadores da UFSC descobriram cinco novas espécies de fungos que serão abordados no congresso Site do evento: http://www.viiicbmy2016.com.br/
Programação em http://www.viiicbmy2016.com.br/index.php?page=programacao
Muito a descobrir
Estima-se que no mundo inteiro haja de um a cinco milhões de espécies de fungos, e apenas 100 mil delas foram descritas. Um dos trabalhos dos pesquisadores do Micolab é coletar, analisar e registrar esses cogumelos ou fungos que ainda não foram descobertos. Eles são coletados durante trilhas e expedições em matas e florestas, processo que não leva mais de três horas, pois os cogumelos começam a se decompor. Após a coleta os fungos são levados ao laboratório, onde são desidratados, têm seu DNA extraído e suas estruturas físicas e moleculares analisadas. Antes da produção do artigo, é feita uma extensa pesquisa para garantir que aquela espécie não foi descrita em nenhum outro lugar do mundo. “É quase um trabalho de detetive que a gente faz pra ir atrás de toda a bibliografia disponível”, relata Maria Alice Neves.
A professora Maria Alice comenta que o trabalho dos micólogos é demorado, e que a escolha da revista pode influenciar bastante a publicação do artigo. “O trabalho é feito ao longo de vários anos, então foi coincidência os três terem sido publicados juntos. Dependendo da revista, pode demorar até um ano para publicação; nós optamos por uma revista internacional porque, apesar de os critérios de avaliação serem mais rigorosos, acaba tendo uma abrangência e um impacto maior, e dando mais credibilidade para a descoberta.”
A espécie Marasmius magnus Magnago & Oliveira, que foi encontrada no Morro da Lagoa da Conceição e na Lagoa do Peri, em Florianópolis (SC), e no Morro Santana, em Porto Alegre (RS),recebe esse nome pois seu tamanho é maior que o de outras espécies do gêneroMarasmius, que são importantes para a decomposição de folhas e galhos pequenos. O artigo de Altielys Casale Magnago analisou a morfologia do cogumelo, que tem seu formato semelhante ao de um guarda-chuva e coloração alaranjada, e também suas caraterísticas moleculares e genéticas, sequenciando-se uma região de seu DNA.
O fungo Gloeocantharellus aculeatus Linhares, Daniëls & M.A Neves
foi coletado no Parque Municipal da Lagoinha do Leste, em Santa Catarina, e na Reserva Biológica Augusto Ruschi, no Espírito Santo, durante o período de chuvas nas regiões, em janeiro e dezembro de 2012. A pesquisa, que envolveu análises morfológicas e moleculares do cogumelo, fez parte do trabalho de conclusão de curso da graduação em Ciências Biológicas da hoje mestranda do Programa de Pós-Graduação em Algas, Fungos e Plantas da UFSC, Fernanda Linhares, que está há cinco anos no laboratório. “A minha turma foi a primeira da Maria Alice, e desde as primeiras aulas eu já me apaixonei pelos fungos. Surgiu uma vaga de estágio aqui no laboratório, e desde 2011 não saí mais. Eu passo mais tempo aqui do que na minha própria casa.”
As espécies Clavaria diverticulata, Clavulinopsis dimorphica e Clavulinopsis imperata A.N.M Furtado & M.A Neves, descobertas pela estudante Ariadne Nóbrega Marinho Furtado, no Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, pertencem ao grupo dos fungos coraloides, que têm seu formato semelhante ao de corais.Por enquanto, os estudos sobre esses fungos analisaram somente o aspecto morfológico, mas há previsão de que trabalhos subsequentes estudem também suas estruturas moleculares.
Mais informações: (48) 3721-8533
Fonte: Coordenadoria de Comunicação da FAPESC, com dados de Bruno Rosa Ramos/Estagiário de Jornalismo Científico da
Agecom/UFSC