Quase 40 apresentações e 30 visitas a instalações de entidades francesas, ao longo de seis dias, deram um panorama realista aos participantes da delegação integrada por membros do CONFAP (Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa). Eles conheceram laboratórios e outros organismos de pesquisa em Paris, Montpellier e Bordeaux, entre os dias 14 e 19 de novembro, acompanhados pelo Dr. Philippe Martineau, responsável pela Cooperação Científica, Universitária e Tecnológica da Embaixada da França, promotora da missão.
Chamou muita atenção a aplicabilidade dos estudos desenvolvidos no Vectopole, sob coordenação de Frederic Simar. Ele é o líder de uma equipe – na qual estão duas doutorandas brasileiras – que, entre outras coisas, investiga vetores de doenças como zika, malária, dengue e chicungunha. Sobre o Aedes aegypti, alertou que seus ovos resistem a voos internacionais e por isso há casos registrados das doenças por ele transmitidos em Paris e outras cidades europeias. Disse preferir apostar no controle da propagação dos vetores, mais do que no tratamento dos males causados por eles. A dengue, por exemplo, manifesta-se de tantas formas que uma vacina teria de proteger contra pelo menos quatro tipos de infecções.
Além da saúde humana e animal, foram abordados temas como inovação (em diversos centros e incubadoras ligados a universidades de renome), cultivo de cana de açúcar em estufas (no Visacane); contaminação das águas (na Casa das Ciências das Águas); e biodiversidade (em unidades do CIRAD como a de Florestas e Sociedades, bem como o Ecotrons, do CNRS – Centre Nationnal de la Recherche Scientifique). Vale destacar também a química dos materiais, fotônica e vitivinicultura entre as várias apresentações feitas durante a Jornada Franco-Brasileira, na Universidade de Bordeaux.
Interesses universais
“Houve possibilidade de conhecermos boa parte dos agentes da pesquisa na França, e surpreendentemente muitos falavam português, já que a cooperação entre nossos países é antiga”, disse Sergio Gargioni, presidente do CONFAP e da FAPESC (Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina). “Vimos a competência referentes a clima e outros temas universais. Descobrimos que há ações que podem ser implementadas, mesmo que os recursos financeiros sejam limitados de ambos os lados, e o CONFAP pode ser o veículo dessa relação.” A França prima pelo trabalho em redes e pode ser boa conexão para o resto da Europa, segundo Gargioni, que lembrou do acordo assinado em 2016 com o ERC (European Research Council), capaz de potencializar a parceira a médio prazo.
A missão iniciou no Ministério da Educação Nacional, do Ensino Superior e da Pesquisa, em Paris, no dia 14 de novembro, e terminou em Bordeaux, no sábado (19). A partir dela, presidentes de FAPs analisarão, agora com mais informações, oportunidades de cooperação a exemplo do que já existe com o INRIA , no campo da Informática e Automação. A primeira parceria do CONFAP como CNRS data de 2011 e foi renovada recentemente, abrindo caminho para ações específicas em cada estado.
A delegação do CONFAP teve representantes de 9 fundações: Sergio Gargioni, presidente do CONFAP e da FAPESC; Maria Zaira Turchi, presidente da FAPEG; Mary Guedes, diretora-presidente da FAPEAP; Eduardo José Monteiro da Costa, presidente da FAPESPA; Abraham Benzaquen Sicsú, presidente da FACEPE; Odir Antonio Dellagostin, presidente da FAPERGS e seu diretor técnico-científico Érico Marlon de Moraes Flores; Alex Oliveira de Souza, presidente da FAPEMA; Fábio Guedes Gomes, diretor-presidente da FAPEAL; e Euclides de Mesquita Neto, coordenador da área de Engenharia da FAPESP. Acompanharam também a missão o secretário executivo de CONFAP, Luiz Carlos Nunes, e a coordenadora de comunicação do CONFAP, Heloisa Dallanhol.
Fonte: Coordenadoria de Comunicação do CONFAP