Uma pesquisa inovadora desenvolvida por quatro estudantes de Oceanografia da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) transformou-se em um premiado empreendimento de biotecnologia que utiliza como combustível a energia do sol. Em 2014 a empresa foi contemplada pelo Sinapse da Inovação, programa da FAPESC (Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina).
A ideia nasceu em 2012, quando os colegas Murilo Canova Zeschau, Ariel Rinnert, Lucas Marder e Juliana Pellizzaro Correia montaram um grupo de estudos sobre a ação de microalgas. Eles perceberam que seria possível dar aplicabilidade ao conhecimento científico em processos industriais.Surgia assim a Brastax, empresa dedicada a produzir biomassa a partir do tratamento de efluentes líquidos produzidos pela indústria abatedora de frangos.
Em 2013, a empresa depositou o pedido de patente no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), na categoria de patente verde, por atender a requisitos como o tratamento de efluentes e o uso de luz solar. “O projeto visa adequar o abatedouro ao status de empresa sustentável”, diz Lucas Marder. “Ao adotar um ‘sistema verde’ de produção que concilia saúde, bem-estar animal e responsabilidade socioambiental, é possível obter certificações de sustentabilidade, com o consequente destaque no mercado e a conquista da preferência de clientes exigentes”. Ele acrescenta que a biomassa possui aplicabilidade em outros setores, como o mercado de salmão e truta, pássaros, peixes ornamentais, animais de estimação e até a suplementação humana.
O Brasil é o terceiro maior produtor e o primeiro exportador mundial de frango, com 12,3 milhões de toneladas de carne produzidas em 2013, segundo a União Brasileira de Avicultura. Desse volume, 31,6% se destinam ao mercado externo. Essa produção gera 130 bilhões de litros de efluentes por ano, que podem provocar problemas ambientais como a poluição de rios. Esse contexto garante uma grande demanda para soluções inovadoras de tratamento como a da Brastax. Quase dois terços da produção brasileira de frango se concentram na região Sul do país, o principal foco geográfico de atuação da empresa no momento. Futuramente os sócios pretendem chegar ao mercado externo.
O diferencial dessa tecnologia é permitir o reaproveitamento do material descartado, gerando um aditivo para a ração das aves. O processo reaproveita água para uso industrial – consomem-se em média 20 litros de água potável por ave abatida – e capta gás carbônico, credenciando a indústria avícola a vender créditos de carbono.
As soluções da Brastax foram reconhecidas em várias premiações nacionais e internacionais, que juntas renderam ao empreendimento em torno de R$ 200 mil em fomento. Em 2012, a empresa ganhou o Prêmio Santander de Empreendedorismo na categoria Biotecnologia e Saúde. No ano seguinte, conquistou o Prêmio Ibero-americano de Inovação e Empreendedorismo e o Concurso Nacional de Plano de Negócios, do Sebrae. A Associação Brasileira de Proteína Animal enviou carta aos sócios, destacando a importância da pesquisa para o cenário futuro do setor. Em 2014 a empresa recebeu os recursos da FAPESC e venceu o Acelera Startup, concurso nacional promovido pela FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Fonte: Fundação CERTI