Desde sua criação, há 17 anos em Blumenau, a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) apoia o programa de capacitação em tecnologia, atualmente, presente em todas as regiões catarinenses

Por Milena Nandi – Fapesc
milena.nandi@fapesc.sc.gov.br
Fotos Joaz Perez – Blusoft e Milena Nandi – Fapesc

Programa de formação em tecnologia de maior empregabilidade em Santa Catarina, o Entra21 nasceu em 2005 em decorrência da falta de profissionais qualificados no setor de Tecnologia da Informação (TI). Todos os anos, centenas de pessoas são formadas, sendo que em 2022 mais de 650 profissionais se capacitaram em formações gratuitas, uma iniciativa do Polo Tecnológico de Informação e Comunicação da Região de Blumenau (Blusoft).

Com o objetivo de capacitar pessoas acima dos 16 anos para um mercado em ascensão, o programa apoiado pela Fapesc já formou mais de 5,5 mil profissionais, que foram absorvidos por empresas parceiras ou decidiram empreender na área. 

A ideia de criação do programa surgiu de uma experiência norte-americana, que contava com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para empresas da América Latina e Caribe desenvolverem mão de obra voltada para a tecnologia. “Em 2004 começamos a trabalhar na concepção do Entra21. Fui para Colômbia e defendi a proposta de Blumenau. Voltei com o programa aprovado”, lembra Sérgio José Tomio, coordenador do programa.

Tomio participa do projeto desde a sua concepção. Ele explica que o BID financiou 60% dos recursos, sendo o restante investido pela prefeitura de Blumenau, por empresas âncoras e cotistas, e pelo Governo do Estado, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc), que fomenta o programa desde sua criação. 

A iniciativa de capacitar profissionais no mercado de TI da região de Blumenau teve um resultado tão positivo que, a partir de 2022, os cursos em desenvolvimento e sistemas passaram a ser ofertados em outras regiões do Estado. A expansão foi possível com o aumento do fomento feito pela Fapesc, no valor de  R$ 2 milhões. 

A ideia deu certo e a procura foi grande: mais de 11 mil inscrições. Uma delas a 470 quilômetros de distância da cidade sede do programa. O graduado em Sistemas de Informação, Odirlan Rodrigo Gazaniga de Oliveira, enxergou na primeira turma do Entra21 em Chapecó, no Oeste catarinense, a oportunidade de reciclar seus conhecimentos e se reinserir no mercado de trabalho. Ao concluir a graduação em 2016, Oliveira optou por continuar com o seu negócio, uma lan house, e não buscou oportunidades na nova área de atuação. No início da pandemia de coronavírus, em 2020, resolveu vender a empresa. 

“Em 2022 vi a possibilidade de me inserir novamente no mercado de trabalho por meio do programa. Enxerguei no Entra21 a oportunidade de ficar mais próximo das empresas que são parceiras, recordar a formação que tenho e, no final, poder ingressar no mercado”, afirma. As aulas de Oliveira iniciaram em abril de 2022, e um dos pontos positivos apontados pelo aluno são as disciplinas relacionadas às soft skills (habilidades interpessoais). “Não estudei só programação, mas empreendedorismo, desenvolvimento pessoal, finanças, inglês. Hoje um profissional de TI precisa ter outras habilidades, além das técnicas. As relações humanas são importantes”.

Oportunidades em TI
Odirlan de Oliveira participa da primeira turma do Entra21 em Chapecó

Em 2022, a expansão para as demais regiões catarinenses

O ecossistema de tecnologia de Santa Catarina é o sexto maior do Brasil, atraindo cada vez mais empreendedores para o desenvolvimento de startups, empresas consolidadas e até multinacionais.

Diante desse cenário positivo, a Fapesc entendeu a necessidade de ampliar as ações do Entra21. Assim, em 2022, em parceria com a Blusoft, foi definida a expansão do programa para as demais regiões catarinenses.

Segundo o presidente da Fapesc, Fábio Zabot Holthausen, a fundação está atenta a todos os movimentos do ecossistema de Ciência, Tecnologia e Inovação (CTI) no Estado. Desta forma, a carência de mão de obra qualificada na área de desenvolvimento e programação não passou despercebida. 

“Desde o início da nossa gestão, em 2019, estamos trabalhando para expandir a experiência bem-sucedida de Blumenau para outras regiões do Estado. Em 2022, conseguimos ampliar, totalizando hoje sete municípios com aulas presenciais e 76 cidades com aulas online”, afirma o presidente da Fapesc. 

Com a ampliação das atividades do programa foram selecionados para executar a  expansão presencial o Senac em Chapecó, Joinville, Florianópolis, Criciúma e Itajaí, considerando que a instituição de ensino é renomada e possui capacidade técnica para a  execução das atividades.

Programa atrai empresas de tecnologia
Um dos pontos de destaque do Entra21 é o trabalho realizado para garantir a empregabilidade dos novos profissionais de TI, um trabalho realizado em parceria com empresas como a Senior Sistemas, que participa desde a primeira edição do programa e absorveu mais de 90 alunos nos últimos três anos.
O gerente de Desenvolvimento da Senior, Maiquel De Luca Rochi, afirma que, geralmente, os novos talentos têm longevidade na empresa. “O Entra21 está cada vez mais forte e necessário. É uma importante iniciativa, tanto de cunho social, que permite a mudança da realidade das pessoas, quanto para o ecossistema de TI ”, salienta Rochi.
O presidente da Blusoft, Bruno Tiergarten, comenta que o programa, além de fortalecer o setor de TI do Vale do Itajaí, é um dos fatores de decisão para grupos de tecnologia se instalarem na região. Para ele, o desenvolvimento do Entra21 depende de conexões essenciais entre o poder público e a iniciativa privada. “O programa é possível porque existe união de esforços, e este trabalho em conjunto só fortalece a área de TI em Santa Catarina”, afirma Tiergarten.

Participação feminina
O coordenador geral do Entra21, Sérgio José Tomio, enfatiza a importância da Fapesc na expansão do programa, participando do seu desenvolvimento desde o início. Ele ainda destaca que, com a ampliação do programa, mais jovens são beneficiados e encaminhados a empregos de qualidade.
Sobre o público do curso, a presença feminina é garantida a partir das ações de incentivo desenvolvidas. “Sempre fizemos um trabalho para trazer mulheres para o Entra21 e um cuidado especial no momento da seleção, apesar de não utilizarmos cotas. Desde a primeira edição até hoje, mantemos um índice entre 25% a 30% de participação de mulheres, número bastante superior ao registrado no setor no Brasil e em Santa Catarina”, afirma Tomio.

Como funciona o Entra21

Acesse o site do Programa Entra21