Santa Catarina é um polo de tecnologia e inovação. Prova disso é que o estado abriga 2,9 mil empresas de TI, que empregam mais de 47 mil colaboradores e faturam R$ 11,2 bilhões por ano, de acordo com a pesquisa ACATE Tech Report, desenvolvida pela Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia em parceria com a Neoway. O setor de TI catarinense produz soluções para todos os ramos, desde os mais tradicionais como Saúde até outros mais recentes como o Marketing Digital. Especialistas que estudam e desenvolvem essas tecnologias aqui no estado decidiram apostar, cada um em sua área, quais serão as grandes tendências de 2017. Confira o resultado:
Blockchain
A blockchain tem o potencial para revolucionar a forma como lidamos com os processos. Piero Contezini, CEO e cofundador da fintech Asaas, explica que a blockchain é uma lista distribuída de quaisquer informações, onde a veracidade e a autenticidade das informações são validadas por meio da aceitação das alterações por parte de todos os membros da rede. “Imagine um livro público, em que todas as suas cópias são atualizadas instantaneamente, não importa onde estejam. De forma prática, é a substituição completa de todos os modelos de unidades centralizadoras de autenticação de dados. Portanto, nem os cartórios seriam necessários se a legislação passar a adotar um formato de blockchain para reconhecer oficialmente os documentos”, diz.
Inteligência Artificial
Jogar contra o computador e contar com a ajuda de dispositivos eletrônicos já são rotinas comuns na atualidade. A Inteligência Artificial, porém, tende a alcançar patamares ainda maiores nos próximos anos, impactando diretamente na forma como interagimos com o computador e como trabalhamos. A tecnologia já está entre as que mais recebem investimentos das grandes empresas, resultando em importantes inovações como o Watson, da IBM, e a Siri, da Apple.
Segundo Jean Paul Vieira, Diretor de Desenvolvimento da Senior, a necessidade de ganhar tempo, clientes e dinheiro coloca a tecnologia como protagonista e aliada de consumidores e empresas, principalmente em um cenário como o atual. “Sistemas que utilizam a inteligência artificial otimizam processos, agilizam atividades, contribuem para o engajamento e promovem a produtividade, objetivos buscados por grandes e pequenas empresas”, afirma.
A partir de 2017, aplicações de realidade aumentada, drones e assistentes virtuais devem passar a fazer parte do dia a dia das organizações. “Na Senior, por exemplo, estamos trabalhando para que ao longo de 2017, quando um colaborador precisar saber informações sobre seu saldo de férias, ele pergunte à Sara, assistente virtual desenvolvida pela equipe de Pesquisa Aplicada da companhia, que deve continuar buscando evoluções tecnológicas que facilitem e simplifiquem os processos empresariais”, conta Jean.
Big data para business intelligence
Para Rafael Assunção, CEO da Valuenet Incentive Solutions e empreendedor com mais de 20 anos no mercado, entre as principais tendências tecnológicas voltadas ao marketing de relacionamento está a otimização das plataformas digitais – como são os casos dos programas de incentivo, relacionamento e fidelização – com uma forte estruturação do Big Data.
O investimento nesse recurso fornece insumos importantes para a área de business intelligence, com impactos positivos para os negócios. “As informações geradas com o apoio do Big Data são fundamentais para gestores e diretores no planejamento de ações, para promover interatividade e permitir um real engajamento com as empresas. Investir nessa tendência é importante, já que uma boa base de dados aumenta a inteligência de mercado do negócio, orientando as tomadas de decisão que poderão impactar seu market share”, explica Assunção. Assim, é possível planejar estratégias de ação para escalar vendas, aumentar o ticket médio e reter clientes (com o monitoramento da taxa de churn).
Growth Hacking
O conceito de Growth Hacking, que é o marketing orientado a experimentos, deve ser fortalecido para todo o tipo de negócio em 2017. André Siqueira, diretor de marketing da Resultados Digitais, explica que essa metodologia consiste em focar esforços no principal problema da empresa, em seguida pensar em como evoluir e priorizar as melhores ideias, depois modelar a forma mais simples de testar a nova ideia (e aplicá-la), aprender com os sucessos e insucessos e, por fim, usar o aprendizado para gerar novos testes.
Este modelo de estratégia de marketing inovador e agressivo desenvolvido no Vale do Silício tem sido adotado em diversos negócios. “Cada vez mais empresas estão conseguindo exposição nos canais de mídia de massa com táticas não convencionais, de forma independente com baixo investimento. Essa é uma forma de trabalhar o crescimento de seu negócio, baseado na construção empírica de melhores práticas por meio de hipóteses e experimentos”, diz Siqueira.
Cidades Inteligentes
As cidades inteligentes são projetos que utilizam tecnologias de forma intensiva em determinados espaços urbanos. Ao analisar o ranking das 100 cidades mais inteligentes do Brasil, pode ser percebido que 80% das dez primeiras posições são ocupadas por capitais, que enfrentam quase exatamente os mesmos problemas de ocupação do solo, mobilidade, alagamentos, insegurança e segregação social. “É lógico que alguma coisa não está funcionando como deveria, e precisa mudar”, afirma Diego Brites Ramos, engenheiro, diretor da vertical Conectividade da Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia e presidente da Teltec. Ainda de acordo com Ramos, do ponto de vista técnico e da engenharia, as cidades catarinenses têm boas condições de desenvolver iniciativas para melhorar a qualidade de vida, principalmente pelo suporte que essa série de dispositivos precisa para compartilhar seus dados: a internet. “A partir da simples popularização das conexões sem fio em locais públicos, poderemos coletar informações que vão subsidiar ações de planejamento e desenvolvimento de políticas públicas para os gestores. Usar o big data, a cloud computing e a internet das coisas (IoT) para transformar a realidade e os espaços que usamos é ser verdadeiramente inteligente. Por isso precisamos agir, e é imprescindível que seja agora”, opina.
Sensores Inteligentes
Cada vez mais os processos de compra e venda têm sido transferidos para o meio digital e esse movimento gera novas necessidades voltadas para as tecnologías de logística. Para Humberto Matesco, CEO da HBSIS, o crescimento exponencial das lojas virtuais impulsiona também o desenvolvimento de soluções para gestão das informações de armazenamento e distribuição, tecnologias que tornaram-se, necessariamente, digitais. Segundo pesquisa realizada pelo GCE (The Center for Global Enterprise), além do aprimoramento da Internet das Coisas e das soluções mobile, o uso de sensores inteligentes é uma tendência para a área: estima-se que, até 2021, vai haver um aumento de mais de 10% na presença deles no mercado. “A expansão dessa tecnologia deve permitir sua incorporação em diversos dispositivos para operações de controle e estoque, por exemplo, gerando dados que vão impactar dramaticamente a forma como as empresas gerenciam as operações físicas e virtuais”, analisa Humberto.