Imagine uma escada com altura entre 85cm até 1,40m que pode se transformar em uma plataforma para levar cadeirantes ou pessoas com mobilidade reduzida ao patamar superior. Chamado de escada-elevador, esse projeto criado pela Pró-Acesso Tecnologia Assistiva, de Joinville, recebeu apoio do programa Sinapse da Inovação, do governo do estado de Santa Catarina. O protótipo está em fase final de construção e será montado no auditório da Unisociesc (Sociedade Educacional de Santa Catarina), na unidade Marquês de Olinda, que possui um desnível de 1,10m entre o palco e a plateia.
O idealizador do projeto, Mário Cezar da Silveira, se inspirou em sua filha, que é cadeirante, para criar a escada-elevador. “Carolina, hoje com 28 anos, enfrenta muitas dificuldades, não por suas limitações físicas, mas sim pelas barreiras impostas pela dificuldade no uso dos espaços, principalmente calçadas ruins, edificações e espaços de uso público sem acessibilidade”, conta Mário, que se especializou em Desenho Universal e Acessibilidade.
Sua filha participava do Grupo Segue de Dança Inclusiva, e, quando fazia apresentações com o grupo, esbarrava na falta de acessibilidade dos locais dos espetáculos. “Dançar na cadeira de rodas nunca foi problema. O problema era subir nos palcos para se apresentar, pois o acesso aos mesmos tinha como única opção degraus. Comecei então a buscar alternativas para criar condições de acessibilidade para esses locais”, recorda Mário.
O novo produto é uma escada cujos degraus se alinham de modo horizontal e se transformam em piso para uma plataforma elevatória, quando acionado para uso de cadeirantes ou de pessoas com mobilidade reduzida. A intenção era criar um equipamento híbrido, que pudesse ser utilizado por todos, a fim de ocupar pouco espaço e evitar que ele permanecesse sem uso, já que muitas dessas instalações são utilizadas com pouca freqüência. O número de degraus é definido pela altura a ser vencida, mas no uso como elevador tem a configuração interna mínima de 1,10m x 1,40m, determinada pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) para plataformas elevatórias, e ainda será adaptado para espaços com grande fluxo de pessoas.
Após a instalação do protótipo na Unisociesc, serão feitos testes e eventuais adequações. A escada-elevador deve ser comercializada a partir de outubro deste ano e já tem quatro estabelecimentos interessados em implantá-la. “Como o equipamento não tem similares no mercado, está sendo aguardado com bastante expectativa, pois vem atender uma necessidade crescente, impulsionada pelas novas leis vigentes no país, principalmente o Decreto 5296/2004 e a recente Lei 13.146/2015, que obriga todos os espaços públicos e os de uso público, a serem ou se tornarem acessíveis”, diz o criador do projeto.
Além de tornar realidade a ideia de Mário da Silveira, o Sinapse permitiu a criação da empresa Pró-Acesso, que já tem outros dois produtos em criação, uma cadeira de rodas motorizada adaptável às especificidades do usuário, e uma bicicleta adaptável em cadeira de rodas, para possibilitar lazer e passeios ciclísticos a cadeirantes. “Tentávamos viabilizar o projeto e a construção de um protótipo da escada-elevador, mas sempre tivemos muitas barreiras, que iam desde a falta de capital e da dificuldade em conseguir apoio técnico e de assessoria, para resolver os limites da nossa capacidade técnica. O Sinapse, com a verba disponibilizada e com seus parceiros, CERTI e SEBRAE, forneceu todo o suporte que ansiosamente aguardávamos”, afirma
O programa Sinapse da Inovação é executado pela FAPESC (Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina), com apoio do SEBRAE/SC (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e executado pela Fundação CERTI. Foi lançado em 2008 para identificar e apoiar ideias inovadoras com potencial para se tornarem negócios de sucesso, e desde então já teve 5 edições em Santa Catarina.
Por:? Jéssica Trombini – FAPESC