Haitianos que imigraram para Santa Catarina denunciam o não pagamento de salários pactuados e outros problemas num livro publicado em versão eletrônica com apoio da FAPESC (Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado e Santa Catarina). Intitulado Imigrante Haitiano na Região da AMFRI (Associação dos Municípios da Foz do Rio Itajaí): Aspectos Socioeconômicos, Indicadores de Vulnerabilidade Social e Políticas Públicas, o e-book foi idealizado por professores da UNIVALI (Universidade do Vale do Itajaí) e disponibilizado no início de junho em http://siaiapp28.univali.br/
“Há um ano muitas empresas recrutavam migrantes, mas atualmente há vários desempregados, como em Chapecó, onde chega a 100 pessoas sem emprego. Vários deles possuem curso superior mas não conseguem atuar em suas funções em razão da demora na expedição do registro nacional de estrangeiro”, disse Salomon Derogene, em 2014, quando era presidente da Associação de Haitianos de Balneário Camboriú. “Há espera de até três anos para receber o visto permanente, problemas com abertura de contas bancárias, casas de câmbio que não operam com a moeda haitiana, necessidade de materiais de orientação aos haitianos, comunidade e empresários.”
A FAPESC também financiou a publicação e distribuição de uma cartilha resultante de uma pesquisa em que foram ouvidas 600 dos aproximadamente 30 mil haitianos residentes em Santa Catarina, principalmente em Balneário Camboriú e Itajaí.
“O número de haitianos está crescendo. O que vamos fazer mais a frente com eles, que não conseguem pagar aluguel, que estão passando fome?”, pergunta Derogene. A preocupação dele é apresentada no artigo “A Migração dos Haitianos em Decorrência dos Problemas Políticos e da Desgovernança”, assinado por Débora Cristina Freytag Scheinkmann e Flavia Cristina Oliveira Santos, na terceira parte do e-book.
As autoras dizem que “o terremoto de janeiro de 2010, de proporções devastadoras, trouxe mais um sofrimento a essa população agonizante por uma vida melhor. Em decorrência das condições precárias de saneamento básico, somadas à falta de acesso à água potável, saúde pública e às consequências do terremoto, um surto de cólera atingiu mais de 72 mil pessoas, com 1.648 mortes, conforme levantamento realizado até novembro de 2010, pela agência da área de Saúde das Nações Unidas (ONUBR, 2010)”.
Elas falam da sucessão de governos tiranos e/ou corruptos desde épocas remotas para explicar por que a população vem deixando o país caribenho em peso. O Brasil resolveu conceder aos haitianos visto permanente por razões humanitárias e Santa Catarina foi o terceiro estado que mais acolheu estes imigrantes, empregando-os principalmente nos frigoríficos em Chapecó e na Construção Civil no litoral.
Os artigos que compõem essa obra surgem como “produtos e agregadores de uma grande pesquisa” que envolveu FAPESC, professores e acadêmicos dos cursos de Relações Internacionais e Direito da UNIVALI, nas palavras de Elisiane Dondé Dal Molin e Jorge Hector Morella Junior, dois dos organizadores. Os demais são Angelo Ricardo Christoffoli e Marco Antonio Harms Dias.
Fonte: Coordenadoria de Comunicação da FAPESC