O Estado de Santa Catarina lidera a produção nacional de maçãs, apesar disso, necessita modernizar seus pomares para reduzir custos, aumentar produtividade e competitividade, tanto de grandes produtores, quanto de fruticultores familiares.
A pomicultura nacional está passando por um momento de mudanças e a utilização de porta-enxertos menos vigorosos com novos sistemas de condução das plantas são essenciais, pois possibilitam maior eficiência de cultivo, refletindo no aumento da produção e qualidade dos frutos produzidos.
Diante disso, a fruticultura moderna vem evoluindo para pomares em alta densidade de plantas, permitido a otimização do espaço com a utilização de plantas de menor tamanho, mais compactas, reduzindo as intervenções na formação estrutural da copa, melhor aproveitamento do tempo e redução dos custos, principalmente no que se refere à mão de obra, que está cada vez mais escassa.
No Sul do Brasil há um déficit de porta-enxertos para a cultura da macieira, visto que a pomicultura brasileira está alicerçada sobre o porta-enxerto anão M.9, o Marubakaido e o Marubakaido com interenxerto de M.9’. Porém, estes porta-enxertos são considerados ultrapassados em muitas regiões produtoras de maçã no mundo.
Atendendo a demanda do setor produtivo, o Grupo de Fruticultura do Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV), da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), de Lages, iniciou uma série de experimentos com porta-enxertos de características agronômicas importantes no Brasil. Em 2014, por meio do acordo de cooperação internacional, com a Cornell University, foi possível a introdução, validação e difusão de porta-enxertos de macieira da série CG (Geneva®), dos quais alguns clones já estavam no Brasil há, aproximadamente, 20 anos e outros já vinham sendo plantados em escala comercial mundo afora.
Para continuar fomentando as pesquisas no Brasil, em 2019 foi aprovado na o projeto intitulado “Tecnologias para Aumentar a Competitividade de Pomicultores no Sul do Brasil”, edital Fapesc/CNPq n° 04/2019, Programa de Apoio a Núcleos Emergentes – Pronem.
Este projeto de inovação tem possibilitado estudos pioneiros e a disponibilização de informações técnico-científicas, nas condições edafoclimáticas do Sul do Brasil, sobre o comportamento de novos porta-enxertos da série americana CG, associados as cultivares copa Gala e Fuji com diferentes sistemas de condução. Além de firmar importantes parcerias com empresas da iniciativa privada, por exemplo, o grupo RASIP, Frutale, Mareli e Hiragami, que apresentaram crescente interesse na inovação, buscando tecnologias aliadas às pesquisas.
Informações da cadeia produtiva vem sendo disponibilizadas ao longo de seis anos consecutivos pelo grupo, por meio do evento intitulado Field day on rootstocks from CG series, que já contou com a participação de mais de 1.500 pessoas.
As inovações realizadas na área mostram resultados positivos e potencialidades de exploração, com impacto expressivo nos índices produtivos, área plantada, emprego de mão de obra no meio rural, garantindo a produção de maçãs de modo eficiente e rentável. Além da formação acadêmica de diversos alunos de graduação e pós-graduação, e o intercâmbio e convênios com instituições internacionais, interestaduais e locais, que têm fortalecido a linha de pesquisa e possibilitado o desenvolvimento científico aplicado ao setor.
Por Leo Rufato
Pós-doutor pela Cornell University. Doutor em Fruticultura de Clima Temperado pela Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel. Mestre na Università di Bologna. Graduado em Agronomia pela Universidade Federal do Paraná. Professor do curso de Agronomia e da Pós-Graduação em Produção Vegetal na Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc).