Está ajudando muita gente o projeto Bengala Longa Eletrônica, desenvolvido pelo Alejandro Rafael Garcia Ramirez, professor e pesquisador do Programa de Pós-graduação em Computação Aplicada da Univali (Universidade do Vale do Itajaí). Ele foi contemplado pelo programa Universal e também pelo Sinapse da Inovação, ambos da FAPESC (Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina).
Voltado a tirar ideias do papel, o Sinapse possibilitou a fabricação de uma série de bengalas, três delas atualmente em uso por usuários cegos. Atualmente é produzida outra série de bengalas, com o suporte da Chamada Nº 84/2013 MCTI-SECIS/CNPq – Tecnologia Assistiva / B – Núcleos Emergentes.
As bengalas produzidas estão sendo distribuídas de forma gratuita, dado que não existe produto equivalente nacional e que os dispositivos similares importados são caros para os padrões brasileiros.
No dia 3 de junho, foi realizada na ACIC reunião com alguns associados da instituição e o professor Alejandro Garcia, para entrega dos protótipos (foto).
A bengala longa, tradicionalmente usada pelos cegos na locomoção, funciona como extensão do sentido tátil, no entanto, não atende à necessidade de leitura de elementos localizados acima da linha da cintura, comumente encontrados nos centros urbanos e que se configuram como barreiras (físicas, culturais, sociais). Essas barreiras, tal como telefones públicos, toldos, lixeiras, galhos de árvore e outros, ocasionam acidentes com bastante frequência, transmitindo insegurança no processo de locomoção do deficiente visual. O projeto Bengala Longa Eletrônica, foi desenvolvido com o intuito de auxiliar no processo de orientação e mobilidade do cego em espaços urbanos abertos, apresentando um novo conceito de bengala para deficientes visuais.
A nova bengala foi inspirada na tecnologia haptica e diferencia-se da bengala longa tradicional, basicamente, por possuir um sistema eletrônico embarcado na pega, que emite sinais (vibrações e sons) ao localizar uma barreira acima da linha da cintura do usuário. Na medida em que o usuário se aproxima dos obstáculos, as respostas tátil e sonora tornam-se mais intensas, pulsando rapidamente.
Torna-se importante ressaltar que a proposta do projeto busca preservar a estrutura formal e de uso da bengala tradicionalmente usada pelos cegos no processo de locomoção, preservando, dessa forma, as técnicas de uso, sobretudo a técnica de toque para deslocamento independente, comumente utilizada pelos cegos, porém, garantindo a proteção na presença de obstáculos acima da linha da cintura.
Histórico
Os trabalhos desenvolvidos pelo grupo que apresenta esta proposta, foram iniciados em 2002, porém o projeto Bengala Longa Eletrônica surge, de fato, em 2005, ao ser selecionado na chamada pública MCT/Finep – Ação Transversal – Tecnologias Assistivas, em Setembro desse ano. Com o apoio do MCT, o CNPq e o suporte da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o desenvolvimento do projeto foi viabilizado até a elaboração do primeiro protótipo funcional de bengala eletrônica.
Posteriormente, em 2006 foi protegida a invenção, através do depósito no INPI, sendo realizado na sequencia o pedido de exame, também em 2006. A invenção foi registrada como Modelo de Utilidade: MU8601042-5. Em 2010 foi registrada a marca Bengala Longa Eletrônica e, neste ano, foi realizado o registro do Design Industrial.
Em 2010 foi aperfeiçoado o protótipo elaborado em 2006, apoiados dessa vez pelo ITS Brasil e o CNPq, através do processo n.48.6257/2007-0 – na linha “Apoio a Projetos em Fase Final de Desenvolvimento Tecnológico de Ajudas Técnicas”.
Cabe destacar que em 2010 a Bengala Longa Eletrônica resultou premiada com o primeiro lugar na categoria protótipos eletroeletrônicos no 24 prêmio Museu da Casa Brasileira, um reconhecido evento de design do País. Outro dado relevante é que desde o ano de 2011, integra o Fortec – Catálogo Nacional de Tecnologias Assistivas.
Fonte: Coordenadoria de Comunicação da FAPESC, com dados do Professor Alejandro Garcia