Uma demonstração técnica da montagem dos painéis de plástico reciclado e das redes de infraestrutura do sistema Infravias será realizada nesta quinta-feira, 7 de abril, às 9h. O projeto é uma solução inovadora de redes de infraestrutura urbana e está em construção no Sapiens Parque, em Canasvieiras, com previsão de conclusão para o final de abril.
A montagem das estruturas será aberta ao público e contará com a participação de gestores municipais de prefeituras da Grande Florianópolis, com representantes da Superintendência da Região Metropolitana da Grande Florianópolis (Suderf) e técnicos e especialistas da área de planejamento urbano e construção civil.
Segundo o coordenador do projeto, o engenheiro civil Aloisio Pereira da Silva, “o objetivo do evento é proporcionar à comunidade técnica e ao público em geral a oportunidade de interagir com o projeto, pois além de conhecerem todas as etapas de montagem do sistema in loco, estes poderão contribuir de forma a agregar conhecimento ao processo”.
O projeto está sendo desenvolvido através de pesquisa de doutorado, envolvendo a Universidade Federal de Santa Catarina e o Texas A&M Transportation Institute, com o apoio do governo do Estado de Santa Catarina, através da Suderf, da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc), e de parceiros públicos e privados.
O projeto Infravias propõe a criação de um modelo sustentável de redes para instalações de infraestruturas urbanas, que remove as tradicionais instalações, tanto aéreas quanto aquelas enterradas sob as ruas, concentrando‐as de forma inovadora sob as calçadas de pedestres. Uma das vantagens é evitar a quebra do pavimento e a interrupção do trânsito durante a construção, manutenção, operação e ampliação das redes urbanas. Além de organizar os serviços de gás, água, esgoto, energia elétrica e comunicações de forma sistemática, o projeto traz melhorias ao sistema viário, contribuindo para o bem estar e qualidade de vida da população.
Durante a demonstração, serão montados os compartimentos e sistemas que irão abrigar os fios e tubulações que formam as redes subterrâneas. Para o coordenador do Plano de Mobilidade Urbana Sustentável da Grande Florianópolis (Plamus), Guilherme Medeiros, “a proposta de organização da infraestrutura subterrânea apresentada pelo Infravias é uma solução que irá facilitar a implantação e a manutenção do cabeamento e tubulações, de forma racional e com baixo custo. Além disso, proporciona a melhoria das condições da infraestrutura na superfície, especialmente para os pedestres e ciclistas. É uma metodologia inovadora, mas ao mesmo tempo bastante simples de ser adotada, que permitirá uma melhoria de qualidade em nossas cidades”, explica.
Interesse ambiental e de segurança
Um dos conceitos na área da sustentabilidade utilizados no projeto é o de “lixo zero”. No modelo piloto, a base das valas é coberta com brita reaproveitada de resíduos da construção civil, uma condição que apoia uma política adequada de destinação dos restos de material de obras, demolições e reformas em toda a região metropolitana. Já os painéis que formam o fundo e os compartimentos das valas técnicas são feitos de plástico reciclado, obtido a partir da transformação do lixo urbano, coletado e reprocessado, garantindo sustentabilidade e relevância do projeto.
O modelo propõe ainda o uso de pavers, que são facilmente removidos e reaplicados, evitando o desperdício de material e tornando desnecessária a utilização de ferramentas de corte e equipamentos de escavação, que apresentam riscos tanto para os trabalhadores quanto para as redes. Os compartimentos são assim preenchidos com areia, que pode ser retirada através de aparelhos de sucção e também reaplicada no local, contribuindo para a segurança e proporcionando menos impacto ambiental.
Além das calçadas, o projeto propõe que ciclovias possam abrigar sistemas subterrâneos como o esgoto, rede de água reciclada, adutoras e drenagem de água pluvial, encorajando o enfoque em transporte multimodal (pedestre, bicicleta e automóvel). A ciclovia, com separação física da rua através de um jardim, torna o deslocamento mais seguro, além de propiciar um ambiente mais bonito e agradável.
Aqui também o projeto prevê uma estrutura que recolhe, armazena e filtra as águas das chuvas, para seu uso ou devolução de água limpa à natureza. O modelo possibilita ainda o ordenamento e cadastro urbano, já que cada rede estará em uma posição definida e as operadoras terão conhecimento preciso de sua localidade. O sistema poderá ser complementado com galerias técnicas em concreto em locais de grande concentração de infraestrutura subterrânea e linhas de distribuição, principalmente em metrópoles.
Dada a relevância do tema, a ABNT iniciou, em janeiro de 2016, o projeto de norma brasileira de número 18:600.25‐001 ‐ Galeria Técnica Pré‐Fabricadas em Concreto para Compartilhamento de Infraestrutura e Ordenamento do Subsolo. A norma diz respeito à elaboração de regras para a fabricação de galerias técnicas em concreto para compartilhamento de infraestrutura e ordenamento do subsolo.
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Fonte: Agecom – UFSC