Os pesquisadores italianos Marco Stefanini e Duilio Porro, do Instituto Agrário de San Michele all’Adige – Fundação Edmund Mach (IASMA – FEM), de Trento, estiveram em Santa Catarina entre os dias 15 e 19 de março para acompanhar ações do projeto “Avaliação vitivinícola de genótipos de videira nas condições edafoclimáticas de Santa Catarina”.
Foram visitados os campos experimentais nas cidades de Água Doce, Videira, Curitibanos, São Joaquim e Urussanga, onde foram implantadas onze variedades resistentes no segundo semestre de 2015. Foi possível a observação inicial da adaptabilidade das plantas, crescimento vegetativo e nível de resistência às doenças fúngicas, que apresentam características distintas em cada local. A oportunidade proporcionou uma discussão aprofundada sobre as práticas de manejo e nutrição, permitindo aos pesquisadores responsáveis a uniformização dos conhecimentos e a possibilidade de conduzir de forma adequada os vinhedos experimentais. A previsão é que em 2016 e 2017 sejam introduzidas mais variedades para avaliação.
Nas Estações Experimentais da Epagri em Videira e São Joaquim a equipe envolvida no projeto degustou e avaliou os vinhos elaborados com variedades de videira autóctones italianas, provenientes de um projeto anterior. Foram degustados vinhos brancos e tintos das safras 2012, 2013, 2014 e 2015, que apresentaram características sensoriais interessantes, alguns se aproximando dos encontrados na Itália e outros com características particulares do terroir catarinense de altitude.
Os pesquisadores italianos deixaram Santa Catarina satisfeitos com a qualidade dos vinhos avaliados e com a adaptação das variedades implantadas em 2015. Espera-se que com os resultados desse projeto seja possível selecionar e indicar para o plantio comercial variedades de videira resistentes a doenças e com elevado potencial enológico nas cinco regiões catarinenses estudadas.
O projeto é financiado pela Fapesc e resultado de um convênio entre Epagri, UFSC, Iasma – FEM e o Instituto de Melhoramento Genético da Videira Geilweilerhof, da Alemanha. O objetivo é contribuir com o desenvolvimento da vitivinicultura catarinense por meio da introdução de variedades de videira resistentes a doenças e que produzem vinhos de alta qualidade, além da criação e seleção de genótipos que combinem genes de resistência ao míldio e oídio. A pesquisa vai promover ainda avaliação climática, nutricional, fenológica e fisiológica das variedades nas regiões pesquisadas no Estado, avaliação da resistência/tolerância a pragas e doenças das variedades introduzidas e avaliação da adaptação e do potencial viti-enológico das variedades de procedência italiana e alemã.
André Luiz Kulkamp de Souza, pesquisador Estação Experimental da Epagri de Videira, explica que a intenção é indicar novas variedades de uva adaptadas às condições catarinenses, resistentes às principais doenças da videira e que produzam vinho de qualidade. “O viticultor terá novas alternativas com menor custo de produção e, principalmente, que produzam uvas de qualidade, mesmo em safras muito chuvosas, como a 2015/2016”, esclarece o pesquisador.
Em novembro está prevista a visita do pesquisador alemão Rudolf Eibach, do Institute for Grapevine Breeding Geilweilerhof, referência mundial em resistentes e parceiro do projeto.