A tecnologia desenvolvida na Unisul para produzir biodiesel propiciou duas solicitações de patente ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Trata-se do ‘Novo processo para obtenção de Biodiesel (PI)’ e do ‘Aperfeiçoamento introduzido em reator de plasma (MU)’. Os pesquisadores da Universidade produzem o biodiesel a partir de óleo de fritura e de gorduras provenientes de abatedouros de aves, sem produzir resíduos, com a tecnologia do plasma frio.
O diferencial do projeto da Unisul é o sucesso em produzir o biodiesel a partir do óleo de fritura e de gorduras ácidas provenientes de abatedouros de aves, sem produzir glicerina, porque não são utilizados catalisadores alcalinos ou básicos. “Apenas misturamos o óleo com o etanol (de fonte renovável) e o mais interessante é que não geramos glicerina (resíduo). Todo o óleo é convertido, não temos essa perda de 10% da glicerina”, explicou uma das pesquisadoras do projeto, professora Anelise Leal Vieira Cubas.
A professora refere-se aos 10% de resíduo produzido pelo processo convencional. Nele, é preciso que o óleo seja aquecido com álcool de cadeia curta, geralmente metanol, e catalisadores ácidos ou alcalinos. “O processo leva cerca de duas horas e gera em torno de 10% de glicerina bruta, considerado um co-produto, que para ser usado comercialmente precisa ser purificado (processo oneroso)”, explicou a outra pesquisadora do projeto, professora Elisa Helena Siegel Moecke. Ela forma a equipe de pesquisa do Biodiesel com as professoras Anelise e Marina Medeiros Machado.
A tecnologia da Unisul utiliza o plasma frio que gasta pouca energia, não gera glicerina e, em 2 minutos, disponibiliza o biodiesel. A partir de novembro de 2014 está prevista a introdução de 7% de biodiesel no diesel comercializado nos postos de combustível de todo Brasil. Desta forma, a quantidade de glicerina bruta disponível será significativa e pode influenciar negativamente na cadeia produtiva da glicerina.
Os primeiros testes da nova tecnologia da Unisul foram realizados no final de 2013 e, já em dezembro, o projeto foi submetido à Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc). Ele foi aprovado e iniciado oficialmente com os recursos da Fapesc em 2014. “Logo nos primeiros ensaios conseguimos produzir o biodiesel a partir do óleo de fritura usado”, revela a professora Anelise Cubas.
As duas patentes solicitadas, do processo de produção e do reator, são consideradas patente verde. “Pois envolvem a produção de energia renovável a partir de resíduos. O processo pode levar no máximo dois anos para ser aprovada, enquanto uma patente convencional leva em média sete anos”, finaliza a professora Anelise.
Fonte: Sul in foco