A internacionalização da pós-graduação brasileira é um dos desafios da área para os próximos anos. Adotar currículos internacionais e atrair estudantes e professores de outros países são algumas das ações previstas no PNPG (Plano Nacional de Pós-Graduação) 2011-2020 e que foram abordadas na noite desta segunda-feira (17/11), pelo presidente da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), o Jorge Almeida Guimarães, na Unesc (Universidade do Extremo Sul Catarinense), em Criciúma. O professor doutor é a maior liderança brasileira da área e fez a conferência de abertura do 8º Encontro Nacional de Pós-Graduação na Área de Ciências da Saúde, que vai reunir até quarta-feira (19/11), mais de 250 pesquisadores e lideranças da pós-graduação brasileira.
Na conferência, mediada pelo professor doutor da Unesc, Felipe Dal Pizzol, sobre “Os desafios da Pós-Graduação Brasileira para a Próxima Década”, Guimarães apresentou dados sobre o desenvolvimento da área no Brasil e falou sobre o trabalho da Capes no planejamento de ações para aprimorar e desenvolver a área no país. “As universidades no interior do país fizeram mudanças extraordinárias e a Capes têm elas como parceiras”, afirma.
Criada em 1951, a Capes iniciou o Programa Universitário, concedendo duas bolsas de estudo em 1953, e após 63 anos de seu nascimento, a entidade já bateu a marca de 270 mil bolsas. Guimarães enfatiza que o PNPG é um importante norteador das ações a serem adotadas nos próximos anos. Entre os desafios, ele cita a criação de uma agenda nacional de pesquisa, a interdisciplinaridade dos programas, o aumento da mobilidade dos pesquisadores e do número de mestres e doutores formados.
Espaço de discussões
Além de conferências, capacitações e mesas-redondas, a Unesc recebe até esta quarta-feira, reuniões com coordenadores de diferentes áreas da Capes, o que colocará Criciúma no centro nacional de discussão sobre o futuro da pós-graduação brasileira.
O coordenador de área da Medicina I da Capes, José Antônio Gontijo, lembra que temas como ética e pesquisa serão debatidos durante o Encontro Nacional na Unesc, assim como a produção científica nacional. “Estamos em fase de consolidação da área e não podemos esquecer de voltar nossos olhos ao que já tem sido feito”, comenta.
Para o reitor da Unesc, Gildo Volpato, o evento é um local de debates e construções de parcerias para o desenvolvimento dos programas de pós-graduação. Já a pró-reitora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão da Universidade, Luciane Ceretta, chama a atenção para a importância de uma universidade fora dos grandes centros estar recebendo um evento da grandeza deste, que trará reflexões, debates e propostas levadas à esfera nacional.
A abertura do evento teve ainda a participação do coordenador do PPGCS (Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde) da Unesc, Cláudio Teodoro de Souza, da coordenadora de Pesquisa e Pós-Graduação da área da Saúde da Universidade, Vanessa Moraes de Andrade, da diretora da UNA SAU (Unidade Acadêmica de Ciências da Saúde), Indianara Becker, e da coordenadora da Comissão Organizadora do Encontro, Maria Inês da Rosa.
O Encontro Nacional de Pós-Graduação na Área de Ciências da Saúde ocorre desde 2007 em diversas cidades do Brasil e é a primeira vez que Santa Catarina sedia o evento. Na Unesc, o evento foi organizado pelo PPGCS, com o apoio da Propex (Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão) e teve abertura do Coral e da Cia de Dança Unesc e a participação da criciumense Janaína Cruz, ex-participante do The Voice Brasil, que cantou o Hino Nacional.
Reitor da Unesc fala sobre o Sistema Acafe
Durante a abertura do Encontro Nacional, nesta segunda-feira, o reitor Gildo Volpato apresentou o Sistema Acafe (Associação Catarinense das Fundações Educacionais), formada por 16 Instituições de Ensino Superior, entre elas, a Unesc. Em 1960, após a instalação da UFSC e da Udesc em Florianópolis, lideranças de municípios do interior de Santa Catarina se mobilizaram para levar o Ensino Superior às regiões fora da capital do Estado, e, por meio de leis municipais, foram criadas, nos anos seguintes, 18 fundações, entre elas a Fucri – que em 1997 deu origem à Unesc.
Hoje, as integrantes do Sistema Acafe estão presentes em 52 cidades e possuem 1.021 cursos com 152.977 alunos. Com cerca de 12.400 alunos, a Unesc possui 52 cursos e é uma das nove instituições brasileiras a ser declarada oficialmente Universidade Comunitária, em outubro de 2014, por Lei Federal. “A nossa Universidade não tem dono, é patrimônio público e uma instituição sem fins lucrativos. Tudo é reinvestido. Também temos eleições diretas para reitor e coordenador de curso”, comenta.
Saiba mais
Hoje, apenas 8,5% da população brasileira concluiu o Ensino Superior;
O Pibid (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência), criado pela Capes, possuía 3 mil alunos bolsistas em 2008. Atualmente, possui 90 mil e a meta é que o número de participantes chegue a 100 mil, para suprir a quantidade de professores da Educação Básica que se aposenta todos os anos no País. Na Unesc, cerca de 240 alunos dos cursos de graduação em Licenciatura participam do Pibid;
O Brasil possui 5.688 cursos de pós-graduação e em 219.940 alunos;
A área da Saúde é a responsável pela maior parte dos artigos científicos publicados por pesquisadores brasileiros;
O portal de periódicos da Capes possui 36.735 títulos e um público composto por 423 instituições de Ensino Superior e pesquisa.
O PPGCS (Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Unesc), que possui mestrado e doutorado, está em uma seleta lista de PPGs com nota 6, (o máximo é 7). Apenas sete programas possuem conceito 6, sendo seis de universidades estaduais ou federais e apenas a Unesc como Universidade Comunitária. A Unesc é a única instituição de Santa Catarina, além da UFSC, que tem um programa conceito 6.