Em 2015, a ampliação da rede de distribuição de gás natural em Santa Catarina poderá contar com uma novidade: o biometano gerado a partir de aterro sanitário e de dejetos suínos. É o que pretende a SCGÁS, após viagem de 11 dias à Alemanha e Suécia para captação de tecnologia em geração de biogás e biometano.
A necessidade de desenvolvimento de um modelo de negócio adaptado à realidade brasileira, a qualificação da mão de obra na criação e manejo dos suínos, uma logística estruturada de coleta de dejetos, um marco regulatório para o biogás e um elenco de incentivos governamentais foram as principais lições aprendidas pela comitiva da empresa e dos representantes da BRF, parceira dos projetos de pesquisa em biogás da companhia.
Fizeram parte do cronograma de viagem a visita a usinas nas cidades Könnern, Duderstadt e Liendenburg (Alemanha) e Sävsjö e Falkenberg (Suécia).
O gerente de Tecnologia da SCGÁS, Ricardo Konishi, afirma que os pontos a serem trabalhados no Brasil a exemplo dos países visitados é a solução de investimentos, custos operacionais, impostos, benefícios e incentivos governamentais que viabilizem estes empreendimentos economicamente.
— A fase inicial de pesquisa e desenvolvimento pede um investimento maior com foco de longo prazo. A oportunidade de dispormos de energia renovável e limpa, com implicações sociais, ambientais e econômicas positivas existe, mas depende da visão de negócio do governo e órgãos privados para virar realidade.
Segundo ele, a experiência brasileira precisará monetizar o dióxido de carbono e os fertilizantes gerados, o que não é feito na Alemanha e Suécia, para tornar o negócio viável.
O engenheiro de Operações João Lacombe, também da SCGÁS, está convencido de que os desafios para inclusão do biogás na rede de distribuição da empresa poderão ser atendidos seguindo os exemplos da Europa.
— Nas plantas de purificação visitadas, nosso interesse foi identificar as técnicas utilizadas para a separação de enxofre, umidade e gás carbônico presentes no biogás. A redução destes contaminantes é essencial para a utilização do gás produzido em nossa rede de distribuição. Os processos que conhecemos na Europa permitem que o biogás seja purificado de forma a atender as exigências de qualidade da legislação — detalha.
Laboratório em Concórdia ajudará na busca de um padrão brasileiro
Na busca de uma solução técnica para adequar o biogás ao padrão de qualidade ideal para a venda no Estado, Cósme Polêse, presidente da SCGÁS, reforçou o papel da Embrapa — que inaugurou em maio um laboratório de biogás no seu centro de pesquisa em suínos e aves em Concórdia (SC).
— Qualquer dejeto ou insumo precisa de análise detalhada, pois cada substrato tem um condicionante diferente para ser tratado de forma a atingir a capacidade calorífica do gás natural — esclarece.
Ele também enfatiza a necessidade de treinamento de técnicos envolvidos para adequar os processos de cada usina ao que cada material utilizado requer.
— A experiência alemã e sueca nos mostrou que o grande desafio é a purificação e que ela demanda diversos processos eminentemente técnicos.
Com o objetivo de estreitar o relacionamento da distribuidora com entidades de pesquisa, Cósme Polêse se reuniu no dia 11 com o presidente da Fundação do Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc), Sérgio Luiz Gargioni, para o apoio na qualificação da pesquisa em geração de energia renovável no Estado.
A intenção do Presidente da SCGÁS é firmar parceria com a fundação para a implantação de uma usina na sede da Embrapa em Concórdia.
— Após conhecermos as ações desenvolvidas na Europa defendo duas ações: a realização de workshops com as cooperativas de criadores de suínos e a implantação de uma usina de biogás piloto próxima, ou na própria sede da Embrapa em Concórdia, para servir como referência na produção de conhecimento e para atendermos em caráter experimental a um posto de GNV que fica a 2km da sede da empresa de pesquisa.
Fonte: Diário Catarinense
