No entanto, com uma economia mais robusta e investimentos no setor cada vez maiores, algumas ações brasileiras podem se tornar modelo para que a Argentina construa um sistema de ciência, tecnologia e inovação mais amplo. Essa é opinião da secretária de Planejamento e Políticas de Ciência, Tecnologia e Inovação Produtiva do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação Produtiva (MinCyT) da Argentina, Ruth Ladenheim.
Secretária do MinCyT aasina acordo de cooperação com CGEE.
Foto: Augusto Coelho/MCTI
“Nosso desafio é incrementar a pesquisa para estimular o avanço tecnológico. Para isso temos que articular a produção de conhecimento na Argentina, com a colaboração dos países sul-americanos, em especial o Brasil”, disse Landenheim após assinar um acordo de cooperação técnica com o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE).
O objetivo das instituições é unir esforços para coordenar e compartilhar conhecimentos e experiências entre Brasil e Argentina na capacitação de recursos humanos. Para isso, o governo do país vizinho tem apostado na repatriação de pesquisadores que atuam, principalmente nos Estados Unidos e Europa.
“Criamos uma rede na internet para que os pesquisadores saibam está acontecendo no setor na Argentina. Financiamos a reinserção dos pesquisadores, damos a eles financiamento para os projetos, a possibilidade de contratar bolsistas, comprar equipamentos e lhes asseguramos um posto numa universidade”, explicou a secretária. Segundo ela, já foram repatriados mais de 900 pesquisadores, a maioria jovens.
Para alocar esses profissionais, a Argentina criou uma agência de fomento, parecida com a Finep, para alocar recursos em áreas estratégicas definidas pelo governo. Com 40 instrumentos de financiamento, cerca de 20 são dedicados a promover a inovação nas empresas fundamentalmente pequenas e médias, o MinCyT garante que o dinheiro só é aplicado num determinado setor depois de ter certeza que haverá demanda por parte dos empresários para evitar desperdício.
Nos dias 5 e 6 de novembro, uma comitiva do MCTI vai até a capital Buenos Aires para apresentar o modelo brasileiro de financiamento de programas e projetos do Sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação, baseado nos fundos setoriais que formam o Fundo Nacional de Ciência e Tecnologia (FNDCT).
“Este exemplo servirá para a evolução das políticas públicas do país na área de ciência, tecnologia e inovação. Estes são fatores catalisadores para impulsionar a economia argentina”, afirmou a secretária de Planejamento e Políticas de Ciência, Tecnologia e Inovação Produtiva da Argentina.
Start-ups
Desde 2003, o governo do país vizinho, vem lançado uma série de medidas para reverter o processo de desindustrialização que ocorreu nas décadas de 1980 e 1990. Uma dessas ações é o programa Capital Semilla, voltado para criar empresas de base tecnológica. A política, segundo Ruth Ladenheim, não está funcionando bem.
“Não estamos alcançando os resultados que esperávamos. Existem obstáculos que não são inerentes à política tecnológica e sim a obstáculos mais macroeconômicos, de política industrial e de vários níveis que fazem com que o programa não seja tão eficaz”, lamenta.
A capacitação de profissionais de C&T para gestão negócios é uma das áreas que os dois países devem trocar experiências. “Estamos formando em todo o país gestores tecnológicos. Esse era um recurso humano completamente inexistente na Argentina. Pessoas que conhecem de C&T e que saibam como desenvolver negócios tecnológicos”, conta a secretária do governo argentino.
O cursos de especialização têm um ano de duração. O programa se complementa com bolsas oferecidas pelo governo para que tecnólogos e engenheiros completem a especialização na Fundação Getúlio Vargas.
Fonte: Agência Gestão CT&I