6 benefícios que as nanopartículas podem trazer para a humanidade

Quando pensamos na palavra “tecnologia”, geralmente nosso imaginário conecta o termo a imagens de grandes máquinas, robôs ou computadores. Mas quando transferimos esse cenário para uma escala nanica, ou melhor dizendo, nano, é comum redimensionarmos uma estrutura gigante e complexa em algo parecido com um mini-robozinho-pititico super moderno e versátil. Certo? Errado.

“Ao contrário do que a grande mídia costuma apresentar, as nanoestruturas têm um aspecto bem menos futurístico. Na realidade, elas são muito mais parecidas com um vírus ou bactéria, pois possuem consistência mole, articulações flexíveis e são adaptáveis a ambientes molhados”, explica Leandro Antunes Berti, secretário executivo da API.nano – ou Arranjo Promotor de Inovação em Nanotecnologia, responsável por fomentar a comunicação e cooperação entre o setor empresarial e acadêmico na área.
E não é à toa que os elementos que atuam em um ambiente microscópico têm essa aparência. Afinal, a nanotecnologia criada pelo homem veio da observação e do estudo da própria engenharia da vida. O material que compõem as estruturas celulares, como proteínas, enzimas e até mesmo o próprio DNA, são elementos em tamanho nano e exemplos de como essas maquininhas estão muito mais próximas da matéria orgânica do que imaginamos. Esses elementos costumam ter seu tamanho medido em nanômetros.
nanoparticulas
 
Difícil imaginar o quão complicado é desenvolver algo nesse ambiente? Então apanhe uma régua e, em um papel, trace uma linha de dez centímetros. Agora pegue essa reta e a divida em nada menos que 10 milhões de partes. Pronto, agora você já sabe o que é 1 nanômetro.
Observáveis em vários aspectos da natureza, como em alguns animais que têm a habilidade de andar na parede devido a forças adesivas ou nas superfícies hidrofóbicas (capazes de repelir água), como as folhas da flor de lótus, as nanoestruturas passaram a ser sintetizadas pelo homem e aplicadas nos mais diversos segmentos. Seu potencial é tão amplo e promissor que muitos especialistas consideram a nanotecnologia uma nova revolução industrial.
“Dentre os principais benefícios desenvolvidos até o momento, podemos destacar a facilidade em detectar doenças, a maior efetividade dos tratamentos medicinais, a redução do consumo de energia, além de muitas outras vantagens para o meio-ambiente”, ressalta Leandro Antunes Berti.
A seguir, confira algumas tecnologias que já são – ou estão perto de se tornar – uma realidade e prometem impactar positivamente o nosso dia-a-dia.
1. Entrega mais efetiva de medicamentos
Chamados de nanomedicinais ou nanofármacos, os medicamentos são encapsulados em uma escala microscópica. Seguindo uma espécie de algoritmo molecular, a droga é entregue na sequência certa, reduzindo efeitos colaterais e concentrando as doses nas regiões enfermas.
No tratamento do câncer, por exemplo, a inovação garante a transferência dos quimioterápicos apenas para as células doentes, evitando que as saudáveis sejam atingidas. Esse ano, pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa em Energia em Materiais (CNPEM) desenvolveram nanopartículas capazes de atrair e inativar o vírus HIV.
2. Melhoria na qualidade dos exames de imagem
Além da farmacologia, a nanotecnologia beneficiou a resolução de diagnósticos. Destaque para os sensores próximos ao tamanho de átomos ou moléculas, capazes de “ler” células, enzimas, anticorpos e bactérias, reconhecendo quando algo está errado. Já os exames de imagem ganharam grandes avanços, principalmente na detecção cada vez mais precoce de tumores.
3. Cirurgias menos invasivas
“Essa evolução permitirá procedimentos inteligentes e muito menos invasivos”, destaca o secretário executivo da API.nano. Entre os exemplos fornecidos pelo especialista estão as colas cirúrgicas com tecnologia nano. Capazes de evitar a sutura tradicional, elas também proporcionam uma cicatrização mais efetiva da pele.
Outra possibilidade é quanto a prevenção de aneurismas. Um tipo de stent apto a realizar movimentos circulatórios ajudará a eliminar as gorduras dos vasos sanguíneos, além de permitir o melhor fluxo de medicamentos.
4. Despoluição de águas
Na área ambiental, destaque para o tratamento de águas por meio da técnica que utiliza bolhas minúsculas, muito menores do que aquelas que conseguimos enxergar em refrigerantes. As chamadas nanobolhas liberam uma corrente estática capaz de atrair bactérias e metais. Radicais livres também são liberados e ajudam a destruir vírus presentes no ambiente. O lago de El Cascajo, no Peru, apresentou melhorias em poucos meses ao combinar o uso de nanobolhas ao de biofiltros, atraindo novamente aves e peixes para a região.
5. Melhoria na capacidade de conversão do CO2
Estudos para a produção de “plantas biônicas” também têm avançado nos últimos tempos. Além de expandir a capacidade de fotossíntese dos vegetais, permitindo a maior conversão de CO2 em oxigênio, eles podem ajudar a detectar a presença de gases nocivos e poluentes no ambiente.
6. Menor uso de pesticidas na agricultura
“Encapsular os próprios pesticidas em uma escala nano é algo promissor para a agricultura e para a própria natureza. Isso porque uma quantidade diminuta da substância garantirá a mesma funcionalidade, reduzindo o uso de água e oferecendo mais segurança às pessoas que trabalham na sua aplicação”, esclarece Leandro.
Negócio rentável
Em expansão, o mercado mundial da nanotecnologia arrecadou US$ 383 bilhões em 2010 e deve crescer US$ 5,3 trilhões até 2018. O cenário brasileiro é promissor, visto que as empresas especializadas do país pretendem abocanhar 1% desse total.
“A nanotecnologia não é mais algo do futuro e nem privilégio dos países desenvolvidos. Hoje, no Brasil, principalmente em Santa Catarina, temos a capacidade e a tecnologia suficiente para produzir pesquisa de qualidade e produtos inovadores, que atendem as necessidades do mercado global”, finaliza o especialista da API.nano – instituição que conta com o apoio da Fundação CERTI (Centro de Referência em Tecnologias Inovadoras) e da FAPESC (Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina).
Fonte: Revista Galileu

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