O ano de 2014 foi marcado por arrocho monetário e baixa confiança de consumidores, com redução da produção na indústria catarinense. Ainda assim, o setor produtivo do Estado registrou desempenho acima da média nacional e liderou nacionalmente a geração de empregos. Estes foram alguns dos pontos destacados pelo presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), Glauco José Côrte, durante encontro com jornalistas, em Florianópolis, neste mês.
“Não foi um ano bom em produção e em vendas. Mas caímos menos que o Brasil. Lideramos na criação de vagas no Brasil, com o dobro do segundo colocado”, afirmou Côrte. De acordo com dados do Caged, até outubro foram abertos, em Santa Catarina, 26.791 postos de trabalho, mais da metade dos 46.981 gerados no País. Em segundo lugar aparece Goiás, com 13.943 novas vagas.
Dados apresentados na entrevista destacam a trajetória ascendente da taxa básica de juros da economia, a Selic, que passou de 7,25% a.a. em março de 2013, para 11,75% a.a. em dezembro de 2014. A inflação também esteve em alta no ano, com IPCA dos últimos 12 meses acumulando 6,55% em novembro, ainda acima do teto da meta do governo. Neste cenário, a confiança do industrial brasileiro, medida pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), chegou em novembro ao nono mês seguido abaixo dos cinquenta pontos, o que indica pessimismo com o ambiente econômico. Em Santa Catarina, as indústrias também foram impactadas com aumento de 22,4% na tarifa de energia, aplicado desde agosto. Para reverter este quadro, Côrte defende uma mudança de mentalidade no governo.
“Não é suficiente termos um bom ministro da Fazenda, nós temos que ter um governo que, de fato, olhe a produção como um requisito indispensável para o crescimento do País, trabalhando pela melhoria da produtividade e da competitividade do setor industrial”, defendeu Côrte.
Produção – A associação dos fabricantes de máquinas e equipamentos, a Abimaq, estima queda de 15% no consumo destes produtos, normalmente associados ao investimento em produção. A redução da atividade também é apontada pela Anfavea, que contabiliza redução de 18% na fabricação de automóveis no ano. Em Santa Catarina, as indústrias de metalurgia e autopeças, tradicionais fornecedoras das montadoras de automóveis, frearam suas atividades em 10,6% e 3,7%, respectivamente.
Por outro lado, os setores ligados à exportação conseguiram incrementar a atividade. Se destacaram as vendas de soja, com alta de 73%, principalmente para a China, de madeira (+46%), principalmente para os EUA, e de suínos (+37%), para os EUA e México, que sofreram com doença em suas criações, e para a Rússia, que direcionou suas compras para o Brasil após a crise diplomática com a Europa, causada pela questão da Ucrânia. Este desempenho leva ao aumento de 4% nos embarques realizados nos portos de Santa Catarina até novembro, enquanto a exportação brasileira recua 6%.
No total, a produção da indústria catarinense registra, até outubro, redução de 1,9%, um desempenho superior ao do setor produtivo brasileiro, que no mesmo período recua 3%.
Perspectivas para 2015 – A nova equipe econômica, a ser empossada em janeiro, sinalizou que o próximo ano será marcado pelo fortalecimento de uma política monetária restritiva. Ao mesmo tempo, projeções do Banco Central apontam manutenção das taxas de juros em níveis elevados ao longo de 2015.
“No ano que vem teremos um primeiro semestre duro, mas a tendência é que, paulatinamente, tenhamos um segundo semestre melhor, preparando o País para um novo ritmo de crescimento em 2016”, afirmou Côrte.
Com a perspectiva de câmbio desvalorizado, as indústrias que vendem para o exterior podem ter oportunidades de crescimento. Em especial as dos setores de carnes, máquinas e equipamentos, máquinas e materiais elétricos, madeira, móveis e fumo.
Fonte: Fábio Almeida – Assessoria de Imprensa da FIESC
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