Uma ideia das informações que o IFN pode gerar foi apresentada pelo professor Alexander Vibrans, da Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB), que coordena o Inventário Florístico Florestal de Santa Catarina (IFFSC) aplicando a mesma metodologia do IFN. O projeto foi realizado com recursos do governo estadual, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) e apoio do Serviço Florestal.
O trabalho envolveu a medição de mais de 250 mil árvores em 440 pontos amostrais no estado, localizados numa grade de 10 km por 10 km. Foram encontradas 2.363 espécies vasculares, das quais 857 espécies arbóreas e arbustivas, 547 ervas, 483 epífitas (vegetal que vive sobre outro sem dele se nutrir), 306 espécies de samambaias e 170 de trepadeiras. As florestas com maior diversidade estão nas unidades de conservação federais e estaduais, o que mostra a sua importância para a conservação da biodiversidade.
Por outro lado, mais de 90% das florestas remanescentes do estado são dominadas por plantas jovens (com menos de 50 anos) com diâmetro de até 40cm e altura até 20m, pertencentes a espécies pioneiras e secundárias iniciais, com baixo volume, biomassa e madeira, e reduzido valor comercial. A sua diversidade é reduzida a 30 a 40 espécies arbóreas diferentes por fragmento florestal, menos da metade da diversidade encontradas em florestas maduras. “Essas florestas cumprem somente parte de suas funções como proteção de solo, recarga dos mananciais e aquíferos, regulação do regime hidrológico e do clima e seqüestram menos carbono do que poderiam”, afirmou o pesquisador durante apresentação feita no seminário de lançamento do Projeto GEF de Apoio ao IFN, na quinta-feira, 20.
Segundo Vibrans, essas florestas jovens surgiram em áreas que foram desmatadas ou exploradas até a década de 1970, época em que o desflorestamento no estado de Santa Catarina atingiu seu auge. Como a ação antrópica nas florestas foi alta e continua presente, diz o professor, as florestas têm dificuldade para se regenerar.
O Inventário trouxe um número mais confiável sobre a extensão da cobertura florestal no estado, que está em torno de 30%. O pesquisador diz que o objetivo é transformar estes conhecimentos gerados pelo IFFSC em medidas práticas para o uso sustentável e a conservação dos recursos florestais. “Agora temos informações precisas e atualizadas, colhidas de forma sistemática para embasar uma política florestal para o estado de Santa Catarina”, diz.
Levantamento Socioambiental
Conhecer a população que mora no entorno dos remanescentes florestais, sua percepção sobre as florestas e o uso que fazem delas também foram objetivos do Inventário. Foram entrevistadas 777 pessoas que moram a até dois quilômetros do ponto de amostra.
Ao aplicar um questionário com perguntas fechadas, foi possível descobrir que 99% acreditam que a conservação das florestas é responsabilidade de todos e que 98% concordam que cada proprietário deve manter uma área de vegetação nativa na sua terra para proteger os animais e plantas, por exemplo.
Para a maior parte dos entrevistados, o oferecimento de serviços ambientais é a função mais importante exercida pelas florestas. “A nossa expectativa era que o maior valor fosse para produtos, principalmente madeira, e constatamos que mais de 60% deles valorizam mais os aspectos ecológicos e o fornecimento serviços como água, ar puro, a manutenção da biodiversidade”.
O trabalho mostrou também que 8% da renda das famílias, em média, está ligada aos recursos florestais. Essa porcentagem sobe para 15% em dois locais, na região serrana, por causa da produção de pinhão, e na região do planalto norte, por conta da erva mate.
O Levantamento Socioambiental (LSA) aponta ainda a masculinização e envelhecimento da população rural. Em muitas propriedades, havia apenas o casal de idosos. “As pessoas estão preferindo sair do meio rural devido às facilidades que o meio urbano oferece, principalmente as mulheres, que vislumbram outras possibilidades”, diz o coordenador do LSA e pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), Juarez Muller.
As informações do Levantamento Socioambiental darão origem a um relatório. “Pretendemos, pelos órgãos do governo, principalmente pelas secretarias de Agricultura e de Desenvolvimento Sustentável, começar a fomentar uma discussão maior para ser elaborada uma política florestal de fato para o estado”, diz Muller.
Os dados do Inventário Florestal Nacional obtidos em todos os estados serão divulgados por meio do Sistema Nacional de Informações Florestais, mantido pelo Serviço Florestal Brasileiro e darão um retrato não só das florestas, mas também da população que reside próximo às áreas florestais, e permitirão realizar análises entre os estados e regiões, de forma a trazer mais informação para tomadas de decisão.
Fonte: Assessoria de Comunicação do Serviço Florestal Brasileiro
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