Reunião Anual da SBQ lembrará mulheres vencedoras do Prêmio Nobel

Elas têm em comum o fato de serem profissionais bem sucedidas em um mundo onde os homens continuam ocupando os postos mais altos das carreiras. São agentes da lenta mudança ocorrida nos últimos anos, durante os quais as mulheres procuraram alterar a desigualdade de gênero que persiste em praticamente todas as áreas da sociedade, inclusive na vida acadêmica. O testemunho das quatro pesquisadoras, integrantes da SBQ, tem peso para impulsionar a participação feminina das próximas gerações e, por isso, foram escolhidas para serem homenageadas durante a 34ª Reunião da entidade na sessão Mulheres na Química Brasileira.

Programado para o dia 25 de maio, às 21h30, o evento ganhou um formato especial. Cada uma irá, por sua vez, homenagear uma ganhadora do Prêmio Nobel de Química – foram quatro desde o início da premiação. Assim, Anita Jocelina Marsaioli (Unicamp) vai falar sobre Irene-Joliot Curie; Dorila Piló Veloso (UFMG) terá como tema o trabalho de Marie Curie; coube a Maria Domingues Vargas (UFF) tratar da carreira científica de Dorothy Crowfoot Hodgkin e Marília Oliveira Fonseca Goulart tem a seu cargo Ada E. Yonath.

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Trazer para o centro das atenções a questão de gênero, significa lembrar que apesar dos ganhos conquistados, a situação atual ainda está aquém do desejável, lembra a Marília Fonseca Goulart, que é também membro da Diretoria da SBQ. Autora de levantamento realizado, em 1991, sobre a presença das mulheres no âmbito das atividades científicas no Brasil, Marília Goulart retomou o trabalho recentemente para constatar que houve progressos, embora não muito significativos. Essa realidade mostra, por exemplo, que quando se considera o conjunto dos pesquisadores vinculados ao CNPq, nas ciências físicas e químicas, as mulheres ocupam um quinto dos postos existentes. Desigualdade que vai se acentuando em direção ao topo da escala, para pesquisadores nos níveis 1C, 1B e 1A. Entre os químicos associados à Academia Brasileira de Ciências, observa, são 15 mulheres para cerca de 75 homens.

Os motivos dessa desigualdade podem ser encontrados em fatores históricos e na cultura, onde o referencial do exemplo é quase sempre masculino, nota. Mantém-se o “princípio das vantagens acumuladas”, pelo qual se consolidou a ideia de os homens deterem os cargos mais importantes e preferirem seu colegas para ocupar esses cargos. Ao mesmo tempo, ao incorporar o papel básico de cuidadora da família, a mulher é conduzida a uma situação de desvantagem em ambientes profissionais competitivos. Mas à medida que cresce a participação feminina, esses fatores se atenuam, observa. Aumentam os números de exemplos, ampliam-se as áreas de atuação, consolida-se a divisão de trabalho extraprofissional e no interior da família, assim como aperfeiçoa-se o apoio governamental em termos de creches e outros recursos.

“Vejo que as mulheres se tornaram mais seguras e competem de igual para igual”, diz Anita Jocelina Marsaioli, da Unicamp, ao registrar sua percepção das mudanças nas relações de gênero nos últimos anos. “As recompensas são muitas”, constata, acrescentando que o estímulo e suporte da família nesse processo de desenvolvimento da carreira são fundamentais para consolidar as conquistas. A sessão Mulheres na Química brasileira será conduzida pela coordenadora do Ano Internacional da Química, Cláudia Rezende, que fará um relato sobre a participação feminina na ciência no país.

Fonte: Carlos Martins (Assessoria de Imprensa da SBQ)

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