O Projeto Biodiversidade Marinha do Estado de Santa Catarina, da Universidade Federal da Santa Catarina (UFSC), conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (FAPESC) desde seu surgimento em 2010 e lançou no início deste ano um documentário relatando as principais descobertas de quatro anos de pesquisa. Em breve será publicado um Guia Ilustrado, que está em fase de finalização.
O documentário Biodiversidade Marinha de Santa Catarina foi produzido pelo Instituto Larus, que desde 1982 (quando ainda era um projeto da UFSC, passando a ser Instituto em 1993) elabora vídeos para divulgação de pesquisas, proteção e educação ambiental. Dirigido pelo biólogo Alcides Dutra, o documentário levou dez semanas para ser concluído. No total foram sete expedições para captura de imagens nas ilhas das Galés, Deserta, do Arvoredo e Moleques do Sul, sendo três acompanhando a equipe do projeto da UFSC e outras quatro por conta própria.
Nova espécie de esponja descoberta em Santa Catarina (foto: João Luís Carraro)
Além do documentário, lançado em janeiro, os pesquisadores da UFSC estão elaborando um Guia Ilustrado de 128 páginas, com os registros de campo realizados pela equipe. A finalidade da publicação é a distribuição em escolas estaduais das regiões visitadas, pesquisadores da área marinha de Santa Catarina e empresas operadoras de mergulho. O livro, que já estava previsto no projeto inicial enviado à FAPESC e terá versão online e gratuita, deve estar disponível a partir de maio.
O Projeto Biodiversidade Marinha do Estado de Santa Catarina, coordenado pelo pesquisador Alberto Lindner, foi selecionado pelo Programa Biodiversidade do Estado de Santa Catarina de 2009 e recebeu até hoje aproximadamente R$ 128 mil para realização das pesquisas e divulgação de seus resultados. Grande parte do material, como artigos, vídeos e fotos, está disponível no site do projeto Biodiversidade Marinha, também desenvolvido com os valores subsidiados pelo programa da FAPESC.
Resultados
Entre as principais pesquisas estão a descrição e o monitoramento dos bancos de corais e das águas-vivas, que representou o início do Projeto. O professor Lindner afirma: “nós já tínhamos interesse em fazer as pesquisas com o coral, mas não tínhamos os recursos, e o edital da FAPESC possibilitou esse trabalho.”
Ao longo da execução do projeto foram descobertas novas espécies, além de novos registros de animais marinhos já conhecidos mas que não eram comuns na região, como o coral Madracis decactis, que tem sua presença mais ao sul de todo Oceano Atlântico no litoral de Santa Catarina. Por conta da pesquisa com essa espécie, a estudante de mestrado Katia Capel venceu o Prêmio Valorização da Biodiversidade Catarinense de 2012, oferecido pela FAPESC.
Um dos trabalhos mais importantes foi a descoberta do Coral-Sol, espécie exótica e invasora em todo Atlântico, mas já registrado em vários pontos da costa brasileira, e cuja presença no litoral de Santa Catarina foi detectada por mergulhadores na Ilha do Arvoredo em 2012. O professor Lindner destaca a importância da identificação de espécies invasoras no ecossistema marinho: “O invasor compete com as espécies brasileiras, podendo ser prejudicial. Como o Coral-Sol é de fácil identificação, sua remoção não é difícil, mas só vamos conseguir combater sua invasão com o monitoramento constante da biodiversidade marinha”.
Outros trabalhos desenvolvidos pela equipe foram o estudo das águas-vivas que causaram acidentes com banhistas na temporada 2010-2011 e a pesquisa sobre esponjas que aumentou de 15 para 45 o número de espécies registradas nas ilhas próximas a Florianópolis. Ao todo, foram mais de 30 expedições a campo em quase todo o litoral catarinense, desde São Francisco do Sul até Jaguaruna.
Fonte: Jéssica Trombini/FAPESC