Com recursos do governo estadual, a empresa Insolver, de Criciúma, criou um sistema para reuso da água consumida na lavação de carros. A montagem do protótipo está em fase de finalização e ele será testado em breve por uma franquia de postos de gasolina da região, cuja rede irá avaliar seu uso. O produtovai ao encontro do Projeto de Lei em trâmite na ALESC (Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina), que obriga os postos de gasolina a instalarem sistema para reuso de água.
Para lavar um carro são gastos 200 litros de água limpa, sem reutilização. O sistema criado pela Insolver tenta recuperar cerca de 90% dessa água (180 litros) para usar na lavagem do veículo seguinte, sendo necessária a reposição de apenas 20 litros de água limpa. “A ideia não é complexa, sistemas de tratamento de água e efluentes são muito comuns, o que faltava era juntar as melhores opções num ciclo fechado para este propósito”, diz o coordenador do projeto, Jeorge Amaral.
Já no início de 2014 o COMDEMA (Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente) determinou que os estabelecimentos para lavação de automóveis tivessem cadastramento ou licença ambiental da FAMCRI (Fundação do Meio Ambiente de Criciúma). A fiscalização também foi reforçada pela FATMA (Fundação do meio Ambiente), que, mesmo não possuindo instrução normativa que determine o reuso de água, solicita por conta própria que os postos de combustível coletem a água utilizada na lavação, conforme o gerente de fiscalização, Carlos Eduardo Rocha.
Agora tramita na ALESC o Projeto de Lei 142.3/2015, que obriga os lava-rápidos e postos de serviço e abastecimento a utilizarem água de reuso na lavagem dos veículos, além de captar e armazenar água da chuva. A partir do PL, esses estabelecimentos devem instalar sistemas apropriados para essas funções e utilizar a água reciclada em atividades que permitam o uso de água não potável. O projeto está na Comissão de Constituição e Justiça, e deve ser votado ainda nas comissões de Finanças e de Turismo e Meio Ambiente.
Nos sistemas comuns, antes do descarte, a água passa por um sistema de filtragem com areia e por uma caixa que separa óleos e graxas da água. “O que fizemos foi adicionar mais algumas etapas a este processo. Após a filtração e separação da água e do óleo (pré-condicionamento), adicionamos alguns produtos químicos que promovem a precipitação de impurezas dissolvidas na água”, explica o coordenador do projeto. As impurezas são floculadas e removidas, em sua maior parte, em um decantador. Após a decantação, a água passa por um filtro onde são removidas pequenas partículas e matéria-orgânica, deixando a água em condições necessárias para ser reutilizada na lavação de outro carro.
Amaral conta que já pensava neste projeto há 3 anos, mas o financiamento que possibilitou concretizá-lo veio com o programa Sinapse da Inovação, da FAPESC. “O Sr. Pedro Topanote foi o idealizador, pois há alguns anos já trabalha com sistemas de tratamento de água e percebeu essa necessidade nos postos combustíveis da cidade. Com os recursos do Sinapse pudemos montar nosso primeiro protótipo”, afirma.
Os empresários calculam que a instalação de um sistema capaz de tratar 5 mil litros de água por hora custará em torno de R$50 mil. Eles acreditam que a inclusão ou retirada de componentes pode gerar aumento ou redução do valor, que também varia de acordo com o volume de água a ser tratada.
Atualmente em sua 4ª edição, o Sinapse da Inovação vem, desde 2008, identificando ideias inovadoras com potencial para se transformarem em negócios de sucesso e oferece suporte financeiro para que sejam colocadas em prática. O programa é promovido pela FAPESC (Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina) e a SDS (Secretaria de Desenvolvimento Econômico Sustentável) e executado pela Fundação CERTI (Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras).
Por: Jéssica Trombini – Assessoria da FAPESC