Conhecidas desde a antiguidade por gregos e romanos, as características antibacterianas da prata são potencializadas pela nanotecnologia – a tecnologia que manipula a matéria na escala de átomos e moléculas. Para o setor têxtil, as nanopartículas de prata dão origem a tecidos capazes de controlar bactérias, fungos e ácaros (abrindo caminho para meias que não geram mau cheiro, por exemplo). Para a indústria de eletrodomésticos, a inovação tecnológica resulta em geladeiras com maior poder de conservação dos alimentos, máquinas de lavar com poder antibactericida.

Outros vários exemplos poderiam ser citados, diversos produtos já estão no mercado e nas universidades impulsionando a pesquisa. Na UFSC, o potencial das nanopartículas de prata estimula o trabalho junto ao Laboratório de Síntese Inorgânica e Nanocompósitos (Labsin), ligado ao Departamento de Química. O coordenador do laboratório, professor Cesar Vitório Franco, desenvolve pesquisas em nanociência e nanotecnologia desde 2005. Em 2007 orientou um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) que permitiu estudos sobre produção, impregnação e eficiência das nanoparticulas de prata como agentes bactericidas em malhas. Em 2008, outro TCC possibilitou estudos sobre preparação e caracterização de nanopartículas de prata e sua adição em silicone.

A proposta de trabalho com as pequeníssimas partículas de prata foi também apresentada em 2008 pelo estudante Raphael Antonio de Camargo Serafim, então orientando do professor Cesar Vitório Franco, ao projeto Sinapse da Inovação. O concurso promovido pela Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina (Fapesc) e realizado pela Fundação Certi tem como objetivo prospectar e transformar boas ideias do meio acadêmico em negócios de sucesso. Contemplado, Raphael desenvolveu estudos sobre a sanificação de ambientes e dispositivos hospitalares usando produtos de nanotecnologia com elevado poder antiséptico (tudo à base de nanopartículas de prata). Também reconhecido na universidade com o Prêmio Destaque da Iniciação Científica (escolhido entre os melhores projetos apresentados no 18º Seminário de Iniciação Científica da UFSC), o trabalho culminou na fundação de uma empresa de nanotecnologia, a TechNano Solution (TNS), que foi incubada no Parque Alfa Tec, parque tecnológico de Florianópois.

 

“É a primeira spin out saída do laboratório sob minha coordenação”, orgulha-se o professor Cesar Vitório Franco. “Busco a formação de pessoas que possam criar seus próprios negócios. Queremos formar geradores de empregos”, faz questão de ressaltar. Atualmente a equipe que atua no LabSiN se aprimorou na tecnologia de produção de emulsões contendo nanopartículas de prata, já testou o uso desse aditivo químico em tecidos, numa parceria com o setor têxtil, e continua pesquisando a impregnação de polímeros (os populares plásticos). A equipe também integra uma rede nacional de nanotecnologia e trabalha em parceria com professores do Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos da UFSC no desenvolvimento de um filtro constituído por nanopartículas visando o fornecimento de água potável para ser acessível à população de baixa renda.