Após um dia de intensas discussões entre as 120 lideranças de Comunidades Terapêuticas (CTs), realizadas nesta segunda-feira em Laguna, um passo importante foi dado no caminho da profissionalização do acolhimento dos dependentes de drogas psicoativas no estado. Durante os períodos da manhã e da tarde, psicólogos, médicos, assistentes sociais e dirigentes de 28 CTs de 18 municípios da Grande Florianópolis e do Sul do Estado participaram da capacitação que busca implementar modelos de metodologias e tecnologias para essas unidades.
A reunião de Laguna foi a terceira realizada dentro do Projeto Reviver e que serviu para complementar as duas anteriores, realizadas em Itajaí e Lages. Nesses três encontros, reuniram-se dirigentes e profissionais das 66 CTs contempladas em janeiro no Edital do Projeto Reviver, que é coordenado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (FAPESC), em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Universitária (FAPEU).
Foram discutidos uma série de indicadores para o modelo ideal de Comunidade Terapêutica, como a infraestrutura física necessária, a gestão administrativa, equipe técnica, processos de padronização (desde a recepção do dependente até a sua reinserção social), o ambiente e os programas terapêuticos. “Esse projeto é inovador em Santa Catarina e não se tem notícia de atividade semelhante no país”, enaltece o diretor científico da FAPESC, Sebastião Iberes Lopes de Melo.
O Projeto Reviver é resultado de uma parceria inédita nesta área entre o Governo do Estado e a Assembleia Legislativa, com a autorização de um investimento da ordem de R$ 11 milhões em 2014 para atender a inovação das Comunidades Terapêuticas existentes no estado, com adesão ao Projeto. No total, serão oferecidas 1.200 vagas em um ano, sendo 900 para adultos e 300 para adolescentes. Nos três primeiros meses de implantação do Projeto, este índice já chegou aos 50% do total da meta do ano.
De acordo com diretora administrativa da FAPESC, Alba Terezinha Schlichting, há várias instituições que não puderam participar do Edital de janeiro e que estão querendo entrar no Projeto. “Provavelmente lançaremos outro Edital em julho para atender essas entidades”, antecipa a diretora.
PROBLEMA SOCIAL
O problema da dependência em substâncias psicoativas é um problema social que há muito tempo vem batendo na porta da sociedade catarinense, mas é a primeira vez que o Poder Público investe na inovação e conceitos científicos para responder às Comunidades Terapêuticas, tanto no que diz respeito à parte administrativa, quanto nas inovações no processo de convivência terapêutica em busca da reinserção social dos acolhidos.
Trabalho importante para a viabilização do Projeto Reviver foi desenvolvido pelo deputado Ismael dos Santos, presidente da Comissão de Combate às Drogas da ALESC. Assim como participou da abertura do encontro de Laguna, o deputado coordenou audiências públicas em todas as regiões do estado e constatou a existência de uma estrutura no terceiro setor com uma centena de entidades habilitadas para atender os dependentes químicos.
A meta do projeto é gerar tecnologias sociais inovadoras, como a criação de modelo para o programa de acolhimento e fornecer informações relevantes sobre o processo de atenção no Estado de Santa Catarina. Além disso, o Projeto dará origem a um sistema de informações e um observatório, para oferecer ao Governo subsídios para novas diretrizes políticas e novos modos de condução do processo de atenção de dependentes de substâncias psicoativas.
Decorrerá ainda deste programa inovador a produção de material pedagógico para que as CTs façam cada vez melhor a atenção aos dependentes químicos e, por conseguinte, a sociedade contará com o devido suporte para acolhimento dos dependentes em processo de superação e enfrentamento da dependência. Hoje, no Estado de Santa Catarina, cerca de 700 são os acolhidos em CT com suporte deste projeto de inovação.]
Fonte: Jornalista Paulo Scarduelli
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