12.09.2010
Foram apresentados dia 10 de setembro os resultados preliminares dos projetos sobre prevenção de desastres naturais apoiados pela Fapesc (Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina).

Muitos deles darão subsídios à formulação de políticas públicas nas áreas do meio ambiente, planejamento urbano e social. É o caso Atlas de Desastres Naturais de Santa Catarina, que vai cobrir o período entre 1980 e 2010, detalhando eventos como a ressaca do mar ocorrida em Florianópolis neste ano e o tornado registrado na região de Araranguá e Sombrio, em 2009. Até que ponto eles são naturais ou provocados pelo homem é um questionamento levantado pela Prof. Maria Lúcia de Paula Hermann, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) durante o evento promovido nesta sexta-feira.

A mais severa das tragédias ditas naturais foram as enxurradas que varreram principalmente o Vale do Itajaí, em 2008, deixando 47.895 desalojados e provocando 117 mortes. Na época, o então secretário de Meio Ambiente de Blumenau, Jorge Alberto Müller, fez 4 sobrevôos sobre o município e constatou que nada parecido havia acontecido nos últimos 60 anos. Decidido a contribuir à prevenção de catástrofes do gênero, ele submeteu uma proposta de pesquisa à chamada pública lançada em 2009 pela Fapesc e, como professor da Furb, selecionou bolsistas para ajudá-lo nos trabalhos de campo. “Estamos percorrendo pontos que sofreram algum tipo de erosão”, disse Müller, cujo projeto inclui uma análise do papel da recomposição das florestas na contenção dos deslizamentos no Baixo e Médio Vale do Itajaí.

O sul do estado tem sido objeto de estudo do Prof. Dr. Antonio Silvio Jornada Krebs e uma equipe multidisciplinar do Centro Tecnológico do Carvão Limpo (CTC/SATC). Eles estão mapeando áreas alagáveis na Bacia do Rio Araranguá, que abrange 3.020 quilômetros quadrados e 14 municípios. Criciúma foi alagada em maio de 2010, o mais recente episódio de uma novela que está se tornando drama. “Todo ano, periodicamente, a região da bacia é afetada por problemas de alagamento que, às vezes, interrompem o trânsito na BR-101”, lembra Krebs. Ele recebeu R$130 mil da Fapesc e, após comprar um GPS de precisão e outros equipamentos, está definindo medidas mitigadoras para as áreas de risco. “As prefeituras são as principais interessadas nos resultados.”

Ainda que preliminares, as conclusões expostas durante o I Seminário de Avaliação da Chamada Pública 10/2009 permitiu a interação entre os pesquisadores com outros interessados no tema, inclusive membros do Grupo Técnico Científico Prevenção a Catástrofes Naturais, criado pelo governo estadual em 2008.