Elaborar um produto fitoterápico para controle do mosquito da dengue foi a proposta da Austen Farmacêutica, de Tubarão, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (FAPESC). O diretor da empresa, Rodrigo Peters, diz que os recursos providos pelo governo estadual em 2008 foram extremamente importantes, pois contribuíram para o desenvolvimento dos produtos e inovação nos processos.
Foto: Portal São Carlos Agora / acervo
O produto criado pela Austen consiste em uma solução biodegradável, à base de óleos e extratos de plantas brasileiras, que causa a morte das larvas do Aedes aegypti em aproximadamente 30 minutos, quando aplicada na água e ingerida por elas. Esta solução tem capacidade de deixar resíduos ativos na água por mais de 20 dias. Outro inseticida, desenvolvido paralelamente e com a mesma finalidade, mantém sua atividade por tempo superior a 120 dias e pode ser colocado em vasos de plantas, aquários ou qualquer recipiente onde haja acúmulo de água e possibilidade de criadouro do mosquito.
“Os resultados são muito otimistas, entretanto, nos deparamos com duas barreiras às quais estamos buscando caminhos para resolver”, afirma Rodrigo Peters. Ele explica que o primeiro entrave está relacionado à produção da matéria-prima vegetal: “como se trata de uma espécie da nossa biodiversidade, ela precisa autorização do CGEN (Conselho de Gestão do Patrimônio Genético do IBAMA) para produção em larga escala”.
O outro obstáculo é uma resolução da ANVISA, em vigor desde 2010 – quando o projeto da Austen já estava em andamento –, que impede a comercialização do inseticida sem que sejam avaliados os riscos toxicológicos para outras espécies não alvo. Esse estudo não estava previsto no projeto selecionado pelo Programa de Subvenção à Inovação em Micro e Pequenas Empresas de Santa Catarina (PAPPE) e leva em conta os dados sobre a exposição e a concentração do produto. De acordo com Gilberto Montibeller Filho, coordenador de projetos da FAPESC que analisou os impactos socioeconômicos e ambientais dos produtos, “sua matéria-prima tem potencial 50 vezes superior às originalmente utilizadas como larvicidas para o controle da dengue”.
“Inserir um novo produto no mercado farmacêutico e veterinário não é nada fácil, ainda contamos com uma elevada burocracia e morosidade dos órgãos que avaliam as petições”, lamenta o diretor. Ainda não há uma data definida para a comercialização do inseticida, mas calcula-se que até o final de 2015 seja possível disponibilizá-lo no mercado. Peters garante que, após o desenvolvimento deste fitoterápico, enviará novos pedidos de fomento à FAPESC, pois a empresa possui diversos projetos na área da saúde.
Fonte: Jéssica Trombini/FAPESC