De acordo com Sena, cada número lançado representa uma vitória que deve ser compartilhada com todos. Isso porque é um desafio se fazer ciência além da academia e do laboratório.
Ele disse que a sociedade precisa entender o impacto da produção do conhecimento no dia-a-dia. Outro ponto abordado é que, como ação do Estado, há dificuldades que precisam ser superadas. Contudo, o governo está estimulando a criação de outras Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs) no Norte.
“Em sete anos de criação, a FAPEAM se tornou a quarta maior do país. Os gestores precisam entender que será um desastre caso esse trabalho não tenha continuidade. Exemplo disso são os 100 doutores formados, o que é pouco, todavia mais 266 estão a caminho da titulação. O Estado está se esforçando para formar mão de obra qualificada”, destacou, e completou que esses profissionais captam recursos para a região e contribuem para a educação local.
Durante o lançamento, o pesquisador e professor itacoatiarense Roberto Mubarac Sobrinho recebeu uma placa da FAPEAM por ter atingido uma importante posição no cenário da ciência local: ser o centésimo doutor a conquistar o título com o apoio da instituição. Ele ressaltou que a Amazônia sempre foi vista como um espaço físico e hoje está mostrando que ela é formada por homens de coragem, de fibra, capazes de enfrentar os desafios.
“Gostaria de agradecer o apoio e dizer que me sinto muito gratificado em poder contribuir para a evolução do conhecimento do Estado, na formação de futuros professores e educadores. É na educação e com investimentos no homem que nós construiremos uma sociedade melhor”, frisou, e salientou que esse dia é de fato o dia de sua defesa, pois está na presença dos amazonenses, dos amigos e das pessoas que lhe incentivaram.
Quanto ao projeto, Mubarac estudou sobre a comunidade indígena versus a escola urbana, no qual foi possível verificar a definição de outras práticas educativas, como as do povo Sateré-Mawé. Ele destacou que os mais velhos da etnia afirmam que na infância é que são forjados os valores da vida. “Eles lutam pelo direito de ser quem são, de ouvir e serem ouvidos. Nosso modelo escolar não consegue enxergar essa realidade, pois é preconceituosa, discriminatória, ao negar a possibilidade de ser indígena”, informou.
Outro destaque dessa nova edição fica por conta da matéria sobre comida dos deuses, que é o resultado do trabalho de mestrado de Glacy Ane Araújo de Souza. Ela observou que a pesquisa focou em um campo religioso marcado pelo preconceito, que foi silenciado historicamente. Pesquisadora negra, Souza disse que frequenta terreiro de candomblé desde pequena e é candomblecista desde 2004. Por apreciar o tema e a comida decidiu estudar três terreiros na zona leste da cidade. “Existe uma forma diferenciada de se fazer a comida em Manaus que é passado de pai para filho”, informou.
Sobre a matéria de capa da revista, “Melancia o ano todo”, a chefe da Embrapa da Amazônia Ocidental, Maria do Rosário, destacou a importância da produção dos frutos a partir de uma técnica aplicada nas comunidades do município de Iranduba. Ela afirmou que outros produtores têm demonstrado interesse em participar do projeto, que é resultado de articulação entre diferentes parceiros, como o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Estado do Amazonas (Idam).
A revista Amazonas Faz Ciência é distribuída gratuitamente e também pode ser acessada por meio do site (www.fapeam.am.gov.br), assim como todas as edições anteriores.
(Imagens: (1) Diretor-presidente da Fapeam, Odenildo Sena, fala aos convidados e (2) Roberto Mubarac apresenta seu trabalho – Fotos: Giovanna Consentini)
Luís Mansueto e Camila Carvalho – Agência Fapeam