Por que o 22@Barcelona é referência aos centros de inovação de SC

Um dos modelos seguidos por Santa Catarina para os 13 centros de inovação lançados no primeiro mandato do governador Raimundo Colombo e que começam a entrar em operação é o 22@Barcelona, da Espanha. O presidente da Rede de Parques Científicos e Tecnológicos da Catalunha (XPCAT) Josep Miquel Piqué, esteve em SC para firmar o acordo de cooperação com a Rede Catarinense de Inovação (Recepeti) e conversou com a coluna. Ele está otimista com o impacto positivo dos centros coordenados pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico Sustentável.

O que levou Barcelona, capital da Catalunha, a investir em parques tecnológicos e em inovação?

Josép Miquel Piqué – Primeiro é preciso entender que as economias mais avançadas não podem competir pelo preço da mão de obra, não vivem dos produtos de minas, do petróleo, ou outros. Sua matéria prima é o talento, a economia do conhecimento. E todo o território tem que ativar o talento em tecnologia para maximizar a produtividade e a competividade.

Como foi a mudança de atividade econômica?

Piqué – A Catalunha, no século passado, era uma economia industrial, inspirada no modelo inglês de Manchester, com setor têxtil manufatureiro. Como não podia mais competir por mão de obra com a Ásia, mudou para tecnologia e inovação. E ai no caso do 22@Barcelona, em Barcelona, as antigas fábricas têxteis deram lugar a centros de inovação, com incubadoras, e muitas empresas que desenvolvem a economia do conhecimento.

Quando começou e quais são os números hoje?

Piqué – Nós do 22@ começamos em 2000 com uma lei específica e um regulamento urbanístico. Investimos 200 milhões de euros na infraestrutura e já foram mobilizados 2,5 bilhões de investimentos privados. São mais de 1,5 mil empresas que não existiam antes e mais de 44,6 mil trabalhadores, 61,7% com títulos acadêmicos. A receita anual do parque chega a 6 bilhões de euros. O setor de tecnologia emprega 1 milhão de pessoas em Barcelona, 33% do total de trabalhadores. Vale destacar que nos períodos de crise na Espanha após 2008, Barcelona não teve problemas econômicos porque sua economia é baseada no turismo e na tecnologia, ambos com receita externa.

Como avalia o programa dos centros de inovação de Santa Catarina?

Piqué – Eu creio que Santa Catarina abre um novo conceito de parque de inovação porque não é um parque intramuros, é um território, uma área onde os centros serão vigias de empresas que estarão inovando, de que toda a criatividade e o talento estejam adequadamente orientado. Podemos nos inspirar no Vale do Silício para o bem e para o mal. A ascensão social não funciona lá porque o meninos de São José, por exemplo, não vão trabalhar no Google porque não são preparados para isso. Aqui, as escolas serão orientadas para as vocações locais. Se você tem uma empresa de tecnologia e não tem engenheiros, não tem o talento para trabalhar para ela. Creio que há muitos bons talentos em SC e conexão com o mundo empresarial.

De que forma os centros de SC poderão atuar?

Piqué – Eles terão o grande papel de conectar as grandes empresas com os empreendedores, as empresas com os centros tecnológicos, os empreendedores com os investidores. Nós debatemos muito isso nos últimos dias em Santa Catarina. Falamos sobre a importância dos business centers e venture capital para investir em novas empresas. Teremos inovação não só dos que estão dentro do edifício, mas no território.

Há um interesse em novos modelos de centros?

Piqué – Muitas cidades dos EUA e da Europa estão repensando seus centros. O modelo de Barcelona desenvolve a economia e permite que as pessoas morem mais perto do trabalho, tenham maior convivência. SC oferece ótima qualidade de vida, não só para trabalhar, mas também para morar e a economia do conhecimento vai reforçar isso.

Fonte: Estela Benetti

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