O secretário de Inovação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Nelson Akio Fujimoto, afirmou nesta quarta-feira, 4 de junho, que o processo de internacionalização das empresas brasileiras é fundamental para dar um “salto de produtividade e inovação”. “A indústria brasileira tem olhado muito para o mercado interno, poucos são os que olham para o mercado externo. Quem atua no mercado externo é mais competitivo e inova mais”, afirmou durante o Fórum Estadão – Inovação, Infraestrutura e Produtividade, feito em parceria com a Finep, em São Paulo.
Segundo o secretário, hoje o Brasil aplica 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em Pesquisa & Desenvolvimento e tem cerca de mil cientistas e engenheiros para cada um milhão de habitantes. Esse número de profissionais é bastante inferior ao de outros países, destaca. “Temos profissionais excelentes aqui, mas a quantidade e a qualidade de alguns setores específicos não nos permite dar um salto inovador”, afirmou, ressaltando que o MDIC já sugeriu a criação de um mecanismo que permita a contratação de cientistas e pesquisadores internacionais.
Fujimoto destaca que de 2000 a 2010 o investimento em ciência em tecnologia saltou de R$ 8 bilhões para R$ 32 bilhões. “Esses dez anos de aplicação de recursos foram fundamentais para criar uma estrutura básica de pesquisas nas universidades. Nosso patamar de ciência e tecnologia evoluiu”, disse.
De acordo com o secretário, no Brasil a maior parte dos investimentos em inovação, ao contrário de outros países, vem do setor público. “O setor privado não investe em inovação, não corre risco.”
Fujimoto destacou também a importância de investimentos em startups e disse que elas precisam ser cada vez mais incorporadas nas políticas de inovação. “Nenhum país teve sucesso em inovação sem ter e apoiar startups”, afirmou.
Também participante do painel Infraestrutura, Inovação e Produtividade das Empresas, o professor do centro de políticas públicas do Insper, Naercio Menezes Filho, afirmou que o governo precisa estimular mais a concorrência das empresas e que “há muito dinheiro sendo gasto sem resultado”. “Temos de permitir que pequenas empresas com novas ideias cresçam”, destacou.
O vice-presidente da Granbio, Alan Hiltner, destacou que as políticas brasileiras ainda têm restrições de acesso ao crédito por parte de pequenas empresas. “As garantias exigidas são tão altas que frequentemente não estão ao alcance das startups”, disse. “Acredito na vocação inovadora do Brasil e sabemos que depende mais de boa vontade do que de fatores estruturais”, completou.