Para desenvolver o produto, a empresa aportou R$7.500,00 em contrapartida aos
R$150 mil recebidos do Programa de Apoio a Pequenas Empresas. Conhecido como PAPPE Inovação, o programa é bancado pela FAPESC (Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina) e FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos). A fim de prestar contas sobre a aplicação dos recursos públicos, a FAPESC promoveu um seminário público em 2008, quando foram apresentados os resultados de 14 projetos inovadores, entre eles o Monitox.
O kit permite a empresas fazer testes nas suas águas residuais em suas próprias instalações, em vez de enviar amostras a laboratórios. Caso forem encontrados poluentes nas amostras, eles podem ser eliminados muito mais rapidamente do que se o “alarme soasse” após o retorno dos testes de laboratório. Tudo isso com a ajuda de uma bactéria marinha que tem luz própria, cuja bioluminescência é enfraquecida por substâncias tóxicas. “Ao invés de medir quanto tem de chumbo numa água, a gente mede o impacto dessa água em seres vivos”, explica o gerente da Umwelt, Jörg Henri Saar, doutor em Microbiologia. Ele e a Prof. Dra. Lorena Ballod Tavares, do Departamento de Engenharia Química da Universidade Regional de Blumenau coordenaram a pesquisa, que contou com a colaboração de bolsistas do VNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
O kit Monitox utiliza a mesma bactéria marinha empregada em análises na Europa e nos Estados Unidos desde a década de 1970, a Vibrio fischeri. Ela emite luz naturalmente quando em condições favoráveis. No entanto, tem este “poder” inibido caso haja presença de substâncias tóxicas no meio em que se encontra, como água ou efluentes que se pretendem analisar. “A diminuição na quantidade de luz emitida é fator determinante para avaliar se uma amostra é ou não tóxica”, informa a supervisora operacional da UBiotech, Ioná Walter Bettinardi. O desenvolvimento do kit e a validação dos resultados foram o tema de sua dissertação de mestrado, conduzida na Universidade Federal do Paraná e na Umwelt.
Em casos de inibição igual ou superior a 20%, o material analisado é classificado como tóxico. Se o valor for maior, acima de 50%, por exemplo, o lançamento do resíduo deve ser criteriosamente avaliado. Afluentes muito tóxicos de Estações de Tratamento de Efluentes (ETEs) podem prejudicar sobretudo os lodos ativados, sistema biológico responsável por remover grande parte da carga orgânica poluidora. “É recomendável não só analisar o efluente final já submetido ao tratamento, mas caracterizar também os resíduos que adentram a ETE quanto à sua toxicidade. Isso é importante principalmente para as empresas de saneamento, que recebem diariamente uma variedade muito grande de dejetos de origem industrial misturados ao esgoto doméstico”, ressalta a supervisora operacional.
Nicho no mercado
O Monitox surgiu da demanda por um teste qualitativo, de fácil execução e agilidade no fornecimento de resultados. Também deveria utilizar um bioindicador sensível, para garantir a eficiência e a precisão nos diagnósticos. Para o projeto sair do papel, foi necessária a montagem de uma mini-estação de trabalho – com ferramentas de laboratório (pipetas e provetas, por exemplo), reagentes específicos e um luminômetro portátil –, que auxiliasse na medição da luz emitida pela bactéria. Para o projeto, este equipamento foi trazido da Alemanha. “Poderemos ter tecnologia nacional, de menor custo, caso o conceito de biomonitoramento contínuo ganhe força no país”, diz Ioná.
O protótipo do kit foi testado em dez indústrias, situadas nos estados de Paraná, Santa Catarina e São Paulo. As companhias eram de diversos segmentos de mercado, como alimentos, artigos têxteis e saneamento. Nelas, foram analisadas semanalmente amostras de efluentes de entrada e saída das estações de tratamento.
Em alguns casos, também se avaliou o material de chuva acumulada em tanques de estocagem de produtos e chorume de várias origens. “Observamos alterações na qualidade do efluente tratado com medições no afluente bruto, diagnosticados como mais tóxicos do que a média. Notamos então um forte impacto no sistema de tratamento a partir destes resíduos”, revela Ioná.
Após testes por parte de empresas colaboradoras do projeto, o reagente biológico teve de ser readequado, para fornecer respostas em até 30 minutos após a reativação. “Nestes testes, a velocidade é fundamental, pois permite ações corretivas imediatamente após a constatação de toxicidade nas amostras”, complementa Ioná. “O kit tem previsão de lançamento comercial para o final deste ano e já despertou o interesse de empresas de Santa Catarina e de São Paulo.”
Mais informações sobre o kit Monitox podem ser obtidas através do fone (47) 3325-3703 ou através dos e-mails iona@ubiotech.com.br e jorg@ubiotech.com.br.
Fonte: Assessoria de Imprensa da Fapesc.