Workshop inicia planejamento para inovação e integração industrial

04.08.2010

Tornar o Brasil mais competitivo no mercado de implantes ortopédicos e de ímãs permanentes à base de terras-raras faz parte dos objetivos dos estudos implementados no workshop realizado ontem (dia 03 de agosto) em Florianópolis. Organizado pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras (CERTI), o evento é um primeiro desdobramento do acordo de cooperação em inovação estabelecido no contexto do Ano Brasil-Alemanha da Ciência, Tecnologia e Inovação, iniciativa do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e do Ministério Federal Alemão de Educação e Pesquisa (BMBF).

A ideia de desenvolver projetos de inovação em parceria entre os dois países é congregar empresas e instituições de C&T para buscar melhor qualidade no desenvolvimento de produtos importantes para a indústria nacional e internacional. O evento também serviu para preparar a pauta do Seminário Técnico Bilateral em Inovação e Integração Industrial, que deve acontecer no final de setembro, com a vinda de executivos e pesquisadores alemães para o Brasil.

O workshop contou com a presença do gerente de Assuntos Internacionais da ABDI, Dr. Roberto Alvarez, representando a Agência que conduz esta ação internacional de promoção da Integração Industrial; pesquisadores e executivos da Fundação CERTI, que coordenam e dão suporte técnico a duas ações-piloto (nas áreas de ímãs e próteses) do Programa de Cooperação; além de representantes de universidades e empresas relevantes para a realização dos estudos de interesse sobre os clusters de ímãs e próteses.

Os grupos de trabalho avaliaram, em sessões paralelas, a metodologia dos estudos, bem como aspectos importantes para o desenvolvimento dos projetos, como os gargalos da cadeia produtiva nacional com relação a uma cadeia de referência, as tendências de mercado, oportunidades de fomento e a estratégia brasileira, entre outros assuntos.

Inovação em próteses ortopédicas

Superar as barreiras tecnológicas do setor produtor de implantes, próteses e instrumental cirúrgico faz parte da proposta de um dos projetos abordados no workshop. Apesar da importância desse segmento, o Brasil continua com demandas não atendidas e implantes fora de especificação. Com foco no desenvolvimento de implantes ortopédicos para joelhos, quadril e coluna, esse projeto tem como objetivo superar eventuais gargalos tecnológicos (de produtos e processos produtivos), oferecendo ao setor inovação e maior credibilidade no mercado nacional e internacional.

A parceria entre alemães e brasileiros busca a ampliação do cluster empresarial, visando promover a competitividade e qualidade para exportação do setor de implantes ortopédicos. Além de articulações com Instituições de Ciência, Tecnologia e Inovação, empresas e mercado consumidor, o workshop envolveu representantes de associações de empresas ligadas à área médica, laboratórios e hospitais para discutir e apresentar novas ideias ao setor.

Iniciativas para novas demandas

Outro assunto explorado pelo workshop é referente ao estabelecimento de uma cadeia produtiva de ímãs permanentes, produzidos a partir de terras-raras. A demanda por este tipo de produto vem experimentando crescimento contínuo, principalmente em função do incentivo ao desenvolvimento de tecnologias limpas, como geradores de energia eólica e veículos elétricos ou híbridos. Atualmente, a indústria de ímãs permanentes enfrenta dificuldades na obtenção de matéria-prima, em decorrência do monopólio da China, que responde por mais de 90% da produção de elementos terras-raras, e impõe restrições ao acesso a estes materiais, por meio de limites de quantidade e taxas elevadas de exportação. A dificuldade na obtenção das matérias-primas para a produção de ímãs permanentes tem obrigado empresas do ramo a se instalar naquele país ou, nos alguns casos, a encerrar suas atividades.

O Brasil já foi o maior produtor mundial da indústria mineira de terras-raras até 1915, quando passou a alternar essa posição com a Índia, durante 45 anos. Hoje, a sua única usina de produção está fechada. O desenvolvimento deste projeto busca, dentre outros objetivos, realizar um estudo sobre a viabilidade de se retomar as atividades de exploração de terras-raras no país.

Neste escopo, durante o workshop foram abordados os principais aspectos da cadeia produtiva de ímãs permanentes no Brasil, estabelecendo-se uma metodologia de trabalho conjunto. Trata-se de uma primeira interação entre as instituições/empresas para a produção e aplicação desses ímãs em produtos, visando alavancar o desenvolvimento do setor no Brasil.

Fonte: 1 Via

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