O secretário destacou paradigmas e trajetórias tecnológicas desenvolvidas e construídas em outras bases, para ecossistemas diferentes, sem respeitar a diversidade ambiental. Ele citou projetos que são desenvolvidos no sudeste brasileiro para aplicação na Amazônia, sem considerar as peculiaridades do meio-ambiente, da cultura e da economia local.
Em sua palestra, o secretário afirmou que a Amazônia tem historicamente menor investimento em C&T do que a média nacional, o que se reflete em crescimento desigual em relação ao restante do Brasil. A notícia boa, segundo ele, é que o nordeste, que apresentava indicadores semelhantes, já mostra sinais de reversão desta situação.
Ele ainda falou sobre o ensino na Amazônia, em particular no estado do Pará, área na qual as desigualdades comparativamente ao restante do Brasil, mais uma vez se evidenciam. Para ele, a redução deste abismo passa necessariamente pelo trabalho em rede, com a implantação de universidades em cada centro regional da Amazônia e sistemas regionais de inovação, com respeito às vocações locais e envolvendo instituições federais fortes (universidades multicampi).
Doutores da Amazônia para a Amazônia
Esse assunto também foi tema da apresentação da REAMEC – Rede de Ensino de Matemática e Ciência para a Região Amazônica, apresentado pela professora Marta Maria Pontin Darsie, da Universidade Federal do Mato Grosso, coordenadora da Rede. Participaram ainda o presidente da Fapemat – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Mato Grosso e a professora Terezinha Gonçalves Valin Oliver. O programa visa a urgente melhoria do ensino básico, a partir da formação de professores, que já conta com 23 instituições associadas.
Na mesma linha, eles defenderam a necessidade de se estimular a urgente formação de doutores na região, onde hoje, segundo a professora Marta Maria, só existem 28 profissionais residentes com doutorado. O programa, que já está em fase de implantação, já tem projeto e regimento, entrando agora na fase obtenção de financiamento.
O projeto, segundo ela, custa cerca de R$ 11,8 milhões, a serem aplicados em um prazo de quatro anos, formando um total de 90 doutores, quadruplicando os profissionais com esse status na região. “Doutores vêm de outras regiões e aqui não encontram as condições nem o salário que os incentivem a permanecer. Ficam dois ou três meses e depois vão embora. É preciso formar doutores da Amazônia para a Amazônia”, constatou.
À tarde, o presidente da Fapesc – Fundação de Amparo à Pesquisa de Santa Catarina, Antônio Diomário de Queiroz, apresentou projeto realizado em seu estado com vistas a prevenir desastres naturais ou, pelo menos minimizar as suas consequências, a partir da experiência das últimas enchentes. Ele falou da criação da Rede Climasul, em colaboração com outras instituições e com abrangência regional, para além de Santa Catarina.
O fomento à pesquisa no Âmbito da Vigilância Sanitária também foi tema neste primeiro dia do Fórum Nacional do Confap. O assunto foi apresentado por Daniella Guimarães de Araújo, da ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. O tom foi de colaboração e de apoio com vistas ao desenvolvimento da pesquisa na área da saúde.