A apresentação integra resultados parciais obtidos para a tese de Otálora e de Joel Donazzolo, que em breve também vai defender seu doutorado na UFSC. Segundo Otálora, um dos focos de seu doutorado, orientado pelo professor Rubens Onofre Nodari, é entender como a influência humana poderia ter papel fundamental na distribuição atual e nas características da goiabeira-serrana.
A pesquisa também permitirá avançar no conhecimento da espécie quanto a aspectos ecológicos, acompanhados pela caracterização genética e fenotípica da goiabeira-serrana em sua área de ocorrência natural. No trabalho premiado, foram determinadas as características de uso da goiabeira-serrana do “tipo Brasil” (na região montanhosa da Serra Gaúcha) e para o “tipo Uruguai” (na região dos Pampas, também no Rio Grande do Sul.
“Os estudos demonstram que além do consumo in natura do fruto, a feijoa possui múltiplas funções, entre elas medicinal e ornamental, o que comprova que é conhecida por agricultores em duas regiões do Rio Grande do Sul, ao contrário da ideia de que a planta era totalmente inutilizada e desconhecida” por parte das populações locais, explica Otálora.
“Estes conhecimentos etnobotânicos são fundamentais para o desenvolvimento de programas de conservação da variabilidade genética da goiabeira-serrana, assim como abrem novas possibilidades para pesquisas sobre seu uso em áreas como a farmacêutica e pecuária”, complementa o pesquisador que atua no Laboratório de Fisiologia do Desenvolvimento e Genética Vegetal (ligado do Departamento de Fitotecnia do Centro de Ciências Agrárias) e no Laboratório de Ecologia Humana e Etonobotânica (ligado ao Departamento de Ecologia e Zoologia do Centro de Ciências Biológicas da UFSC).
De acordo com ele, apesar do importante processo e dos avanços obtidos pelo projeto de pesquisa em domesticação da goiabeira-serrana no Brasil, há ainda inúmeras lacunas em relação à distribuição e ecologia da espécie, assim como ao valor do acervo de genes adaptados a diferentes condições e ambientes na região Sul do Brasil. Os estudos são desenvolvidos com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
A Goiabeira Serrana
A Acca sellowiana (Berg) Burret (nome antigo Feijoa sellowiana) é uma árvore nativa da América do Sul que produz frutos de sabor peculiar. Sua área de dispersão natural está localizada nas terras altas do sul do Brasil, Uruguai e nordeste da Argentina.
Estudos vêm sendo realizados sobre a planta, mas ainda há pouco conhecimento sobre sua distribuição, sua ecologia e as maneiras como é usada.
Estudos desenvolvidos em parceria entre UFSC e Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) buscam aprimorar o uso da espécie e oferecer alternativas de trabalho e renda para agricultores no planalto serrano catarinense, onde as condições climáticas são mais favoráveis ao desenvolvimento da espécie.
As pesquisas já resultaram em quatro cultivares dessa frutífera. A cultivar é um tipo melhorado, obtido depois de um longo trabalho de coleta, observação na natureza e uma série de cruzamentos, para seleção das plantas com características favoráveis ao cultivo e à qualidade da fruta.
Em campo, a Epagri desenvolve programa de distribuição de mudas da goiabeira serrana para agricultores interessados e há mais de 10 pequenos pomares em observação.
Na UFSC os estudos englobam um conjunto de ações que têm como meta caracterizar, conservar, manejar e domesticar recursos genéticos da flora da Mata Atlântica, em estudos vinculados ao Programa de Pós-Graduação em Recursos Genéticos Vegetais. A Universidade está investindo também na distribuição de mudas para serem avaliadas a campo e vários pomares experimentais foram implantados nos últimos anos nos três estados do Sul.
Fonte: Agrosoft