A Universidade Federal de Santa Catarina quer fazer de seu Departamento de Inovação Tecnológica muito mais do que um escritório jurídico para orientação sobre propriedade intelectual. A expectativa é de que esse departamento amplie o trabalho colaborativo com empresas e a transferência de tecnologias. Mais um passo nesse caminho foi dado na quarta-feira, 25 de maio, com a implantação de um Comitê de Inovação Tecnológica.
Auxiliar na discussão e criação de uma política institucional de inovação será uma das tarefas do novo órgão. Para compor o comitê foram convidados professores com reconhecida atuação nos campos da pesquisa, da inovação e do trabalho colaborativo com empresas, nas áreas de biotecnologia, jurídica, econômica e de direitos autorais (veja os nomes abaixo). “Contamos com a visão destes professores para avançar”, salientou na cerimônia de instalação do comitê a professora Débora Peres Menezes, pró-reitora de Pesquisa e Extensão da UFSC.
O novo comitê vai trabalhar a partir das atribuições do Departamento de Inovação Tecnológica, setor que auxilia a UFSC desde 2007. Uma das responsabilidades do DIT é o acompanhamento dos processos dos pedidos e a manutenção dos títulos de propriedade intelectual da Universidade. Sua equipe também avalia e opina sobre a celebração de contratos e convênios envolvendo a inovação e a pesquisa científica e tecnológica, entre diversas outras ações.
De acordo com a diretora do DIT, professora Rozangela Curi Pedrosa, em 2010 a UFSC protocolou 20 pedidos de proteção de propriedade intelectual, número que considera reduzido em relação ao tamanho e prestígio em pesquisa e desenvolvimento conquistado pela Universidade. Mas, frisou, ainda que tenha uma equipe reduzida, o Departamento recebe cada vez mais demandas por parte da comunidade universitária. Em relação ao número de processos analisados, exemplificou, há um crescimento considerável: em 2010 foram 177, enquanto em 2006 foram 23.
De acordo com a diretora do DIT, a cultura da inovação tecnológica ainda enfrenta diversos desafios – não apenas na UFSC, mas no país. Entre eles, os gargalos na relação entre empresas e pesquisadores, o fato de que muitas indústrias ainda preferem comprar tecnologias de outros países e a falta de cultura do uso e depósito de patentes. Além disso, no Brasil a maioria dos pesquisadores trabalha em universidades e institutos, há uma reduzida conversão de conhecimento científico em inovação tecnológica e uma concentração da produção industrial em produtos de baixo valor agregado.
Apesar das dificuldades, a diretora lembrou que um marco no país foi a Lei de Inovação. Aprovada em 2004, essa lei é fundamental na regulação da cooperação entre universidades e empresas, prevendo entre outros aspectos a criação dos Núcleos de Inovação Tecnológica, o uso de laboratórios de institutos de ciência e tecnologia por pequenas e micro empresas e a participação do pesquisador em royalties. O trabalho com o setor produtivo também é beneficiado com a Lei do Bem, de 2005, que consolidou os incentivos fiscais para pessoa jurídica que tem pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação.
Ressaltando as competências de cada um dos membros no novo Comitê de Inovação Tecnológica, o reitor da UFSC, professor Alvaro Toubes Prata, defendeu a importância da colaboração dos pesquisadores nas ações relacionadas à inovação e à transferência tecnológica. “Temos uma herança muito rica e precisamos dar nossa contribuição para melhorar a sociedade e o mundo”.
Mais informações: www.dit.ufsc.br / / (48) 3721-9628
Por Arley Reis / Jornalista da Agecom