O artigo Tecnologia Assistiva e Adaptativa em paralisia cerebral, elaborado a partir de pesquisa do prof. Alejandro Ramirez, da Univali (Universidade do Vale do Itajaí), foi publicado com acesso aberto entre os 8 capítulos de um livro internacional que está disponível no IntechOpen. O trabalho dos pesquisadores brasileiros, publicado em inglês e disponível neste link, é o 2º mais acessado do livro, com 991 visualizações, contra 993 do primeiro, e o 3º em número de downloads. O capítulo é resultado da pesquisa de doutorado do professor, apoiada pela FAPESC (Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina) no programa Universal de 2014 e ainda em execução.
O projeto resultou em dois softwares na linha de comunicação alternativa, voltados para usuários com problemas motores e de fala, como os que ocorrem em casos de paralisia cerebral e autismo. Uma das ferramentas é destinada ao uso em desktop e a outra em dispositivos móveis, mais especificamente tablets. “Temos ainda um terceiro trabalho, na linha de interfaces alternativas de acesso ao computador. Em particular, estamos estudando o impacto de uma interface cérebro-computador, em casos severos de deficiência”, explica Alejandro.
Os programas foram elaborados para auxiliar o trabalho de pedagogos, fonoaudiólogos, terapeutas e psicólogos de instituições como a APAE de Florianópolis (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) e a FCEE (Fundação Catarinense de Educação Especial), que também se envolveram no projeto. As ferramentas tiveram recepção favorável por parte dos usuários, já que incentivam o processo de comunicação em casos severos, por vias alternativas, promovendo ainda a inclusão social. A pedagoga Fabiana Giacomini Garcez, que acompanhou o desenvolvimento do projeto na APAE, diz que “a receptividade pelo usuários foi ótima, tendo em vista que as crianças atualmente demonstram muito interesse por tecnologias. Além disso, houve melhora em relação à estratégia que os profissionais poderão utilizar, aos recursos e oportunidades de materiais que oferecemos aos alunos avaliados.” O capítulo publicado no IntechOpen descreve os resultados obtidos a partir desse trabalho conjunto, centrado no usuário.
Outra característica positiva do projeto é que se trata de uma ferramenta totalmente brasileira e reverte o quadro de carência de recursos nacionais em comunicação aumentativa e alternativa de alta tecnologia. A maioria das soluções empregadas atualmente é estrangeira, com teclados e mouses adaptados, que não atendem parte dos casos estudados, por causa dos distúrbios motores dos membros. Os resultados da pesquisa deverão propiciar o uso das ferramentas a serem desenvolvidas por instituições nacionais.
Os softwares foram desenvolvidos por alunos do Mestrado em Computação Aplicada da UNIVALI em cooperação com pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Design da UDESC (Universidade do Estado de Santa Catarina). A UNIVALI integra a Rede Nacional Pesquisa em Tecnologia Assistiva e o PPGDesign da UDESC integra a Rede de Pesquisa e Desenvolvimento em Tecnologia Assistivas: Ações Integradas entre Engenharia Mecânica e Design. Segundo o prof. Alejandro, “isso fortalece nossos laços de cooperação pela sinergia que temos entre as nossas linhas de pesquisa”.
Fonte: Jéssica Trombini – Coordenadoria de Comunicação da FAPESC