Projeto conjunto entre IFSC e UFSC desenvolve refrigerador movido a energia solar

Sete pesquisadores da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e do IFSC (Instituto Federal de Santa Catarina) se uniram para desenvolver um sistema de refrigeração e climatização que pode ser movido a energia solar ou rejeito térmico de motores, como alternativas à eletricidade. O projeto, que envolve as engenharias mecânica e de energia, foi desenvolvido ao longo de dois anos com recursos da FAPESC (Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina) por meio do edital Universal, que contempla todas as áreas do conhecimento.

O protótipo possui um sistema de produção de água fria (conhecido como chiller) e pode substituir aparelhos de ar condicionado em locais com climatização distribuída para vários cômodos. “É mais econômico e eficiente concentrar a produção de frio em um único local e distribuí-la para esses ambientes. Nesse caso, é preferível produzir água gelada em um único local e utilizá-la para resfriar o ar em cada um dos ambientes a ser climatizado”, explica Rogério Oliveira, coordenador da pesquisa no campus da UFSC de Araranguá.

Refrigerador ifsc e ufsc ararangua - credito Rogerio Oliveira

O funcionamento desse refrigerador acontece por sorção, em que um sólido (carvão ativado, sílica-gel, zeolitas ou sais metálicos) é aquecido e resfriado sucessivamente. Com esse aquecimento, o sólido libera refrigerante (água, amônia ou metanol) para o condensador, que é resfriado à temperatura ambiente, pega o refrigerante do evaporador e produz efeito frigorífico.

O equipamento utiliza como principal fonte de energia o calor da água com temperatura de aproximadamente 70°C. “Se esta água for aquecida por energia solar ou pelo calor desperdiçado de chaminés e radiadores de motor, o custo de operação do refrigerador por sorção será muito baixo, e ele ajudará na economia de energia, pois estará utilizando, para produzir efeito frigorífico, uma energia que seria jogada fora”, enfatiza Oliveira. Além disso, os refrigerantes usados nesse processo não degradam a camada de ozônio nem contribuem para o efeito estufa.

O novo protótipo pode substituir os refrigeradores por compressão mecânica, nos quais o vapor do refrigerante é comprimido com a eletricidade como fonte energética. Nos refrigeradores por sorção, o vapor do refrigerante é comprimido termicamente, utilizando calor como principal fonte energética.

 “Olhando pelo lado do valor total da energia recebida, o sistema por compressão mecânica é mais vantajoso, porém ele funciona à base de eletricidade, que é uma forma de energia nobre e que tem perdas na conversão. Se a energia elétrica for produzida em uma termoelétrica, cerca de apenas 1/3 da energia térmica se transforma em energia elétrica”, diz o pesquisador. Um refrigerador por compressão mecânica típico para climatização produz cerca de 3 kW de frio para cada kW de energia elétrica que recebe, já o sistema por sorção desenvolvido pela equipe produz até 0,42 kW de frio para cada kW de energia térmica recebida.  

 “Construímos com auxílio da FAPESC o único refrigerador (chiller) do Brasil que consegue produzir água gelada a 10°C utilizando água quente a 70°C como principal fonte de energia. Ainda há muito que fazer para tornar esse refrigerador economicamente viável. Todavia, mesmo com as várias melhorias que ainda devem ser feitas, quando se compara o nosso refrigerador com outros refrigeradores por sorção construídos em outros países, o nosso é um dos que apresenta maior eficiência nas condições de operação testada”, afirma Oliveira. Ele acredita que o incentivo a pesquisas desse tipo permitirá desenvolver equipamentos que contribuirão para melhorar a eficiência de sistemas de conversão térmica e que reduzirão o consumo de energia elétrica para climatização de edifícios comerciais e industriais.

O uso de ar condicionado aumenta em 40% do consumo de energia elétrica nos setores comercial e residencial durante o verão. Se esses aparelhos pudessem utilizar outras formas de energia para produzir frio, haveria redução da demanda de eletricidade, o que reduziria também a sobrecarga nas geradoras de potência elétrica e linhas de transmissão, e diminuiriam os riscos de apagão e a necessidade de acionar termoelétricas, que geraram eletricidade mais cara nos últimos meses. 

A parceria com o IFSC para construção do refrigerador começou em 2012 com um projeto selecionado pelo edital Vale Engenharia do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). O estudo resultou na montagem de um mini-chiller para fins didáticos e envolveu alunos do ensino médio do instituto e da graduação da UFSC, com supervisão de professores das duas instituições. 

Fonte: Jéssica Trombini – Assessoria da FAPESC

Page Reader Press Enter to Read Page Content Out Loud Press Enter to Pause or Restart Reading Page Content Out Loud Press Enter to Stop Reading Page Content Out Loud Screen Reader Support