Uma técnica muito utilizada em casas e pequenas propriedades rurais para destinação de resíduos orgânicos e a produção de adubos naturais, a compostagem pode ser se tornar também uma boa alternativa para as prefeituras, sobretudo pela economia nos gastos com aterros sanitários. Esta é a ideia central do seminário “A Compostagem de Pequeno Porte como Solução para os municípios de Santa Catarina”, realizado dia 3 de julho, em Florianópolis.
O evento foi promovido na Assembleia Legislativa com apoio de entidades como: Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc), Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo (Cepagro), Companhia Melhoramentos da Capital (Comcap) e Laboratório de Comercialização da Agricultura Familiar da UFSC (Lacaf).
O coordenador de projetos da Fundação, Nelton Antônio, Menezes, esteve na mesa de abertura do seminário (o segundo, da direita para a esquerda).
Ainda na abertura, o deputado Mário Marcondes (PSDB), afirmou que atualmente cerca de 52% do volume total dos resíduos orgânicos produzidos no Brasil não é separado ou recebe qualquer tipo de tratamento específico, indo parar diretamente nos aterros sanitários e lixões (dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
O parlamentar defende que uma alteração neste quadro depende tanto de ações governamentais, quanto uma mudança de postura por parte da sociedade. “É fundamental criarmos políticas públicas para diminuirmos a quantidade de resíduos sólidos e traçarmos mecanismos para desviá-los dos aterros sanitários. Mas precisamos também de uma mudança no estilo de vida da sociedade. Um simples ato no dia a dia pode trazer um grande benefício para o planeta e podemos começar com algo como dar mais atenção ao nosso próprio lixo.”
A programação da manhã incluiu a apresentação de experiências consideradas exitosas na gestão de resíduos orgânicos, entre eles a ”Revolução dos Baldinhos”, apoiado pela FAPESC.
Entres os municípios mais avançados no reaproveitamento dos detritos orgânicos está Florianópolis, que desde 2008 conta com pátios de resíduos descentralizados e mais recentemente vem oferecendo oficinas de compostagem. “Cerca de 37% do lixo da Capital é formado por orgânicos, um volume bastante significativo e acreditamos que a compostagem, aliada a projetos de agricultura urbana, seja o caminho para que a gente consiga desviar esses materiais dos aterros”, disse Karina da Silva de Souza, gerente do Departamento de Planejamento, Gestão e Projetos da Comcap.
Para o coordenador do Lacaf-UFSC, Oscar José Rover, os projetos ligados à compostagem são viáveis e podem ser facilmente aplicados pelos gestores municipais, desde que para isso eles também atentem para o fator social das iniciativas. “A compostagem em si não resolve, ela contribui, ela traz um elemento central, mas é fundamental considerar o envolvimento da comunidade, seja das pessoas que disponibilizam o seu resíduo, seja das pessoas que vão colocar as ações em prática, pois este é um processo que exige um conjunto de conhecimentos.”
O gerente de desenvolvimento da Fundação do Meio Ambiente (Fatma), Daniel Vinicius Netto, afirmou que já vem trabalhando o tema junto às lideranças municipais do estado e que vem obtendo respostas positivas. “A redução nos resíduos que saem das casas traz uma redução óbvia no impacto ambiental, mas também possibilita que as prefeituras economizem com a manutenção dos aterros sanitários, algo que tem sido buscado por inúmeros municípios.”
O seminário continua no período da tarde com a apresentação do painel “A Política Nacional de Resíduos Sólidos” e a apresentação de outras iniciativas voltadas ao reaproveitamento de resíduos. Outro destaque é o lançamento da obra “Critérios Técnicos para a Elaboração de Projeto, Operação e Monitoramento de Pátios de Compostagem de Pequeno Porte” e o lançamento do vídeo “Revolução dos Baldinhos: o Modelo de Gestão Comunitária de Resíduos Orgânicos e Agricultura Urbana”.
Fonte:AGÊNCIA AL/Alexandre Back