Pesquisadores da UFSC encontram nova espécie de planta, já ameaçada

Commelina catharinensis é uma flor herbácea amarela, encontrada em campo de restinga na Praia do Sonho, na Palhoça. Sua cor é a característica principal: é um tipo planta comum, popularmente conhecida como trapoeraba, mas, na América do Sul, as espécies têm flores azuis. Ela floresce e frutifica, de acordo com as informações disponíveis até o momento, entre outubro e março.
O único local em que ela foi encontrada é uma área de menos de 600 m², e os pesquisadores contaram menos de 30 indivíduos. “Desde 2011, quando a observamos pela primeira vez, vasculhamos a área e não encontramos em nenhum outro local”, destaca o professor João de Deus Medeiros, do Departamento de Botânica da UFSC. Não é a primeira vez que a Commelina catharinensis é encontrada: havia registro de coleta da planta em 1971, na Praia do Sol, em Laguna, em ambiente semelhante, um campo de restinga; mas, na ocasião, ela não foi identificada. Agora, após verificarem que a flor achada na Praia do Sonho é uma espécie que ainda não havia sido catalogada, compararam-na com o achado anterior e verificaram que é a mesma. “Fomos então à Praia do Sol procurar e não encontramos nada. Provavelmente aconteceu lá o que tememos aqui”, cogita Medeiros.
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O que eles temem é o desaparecimento da espécie. Os principais fatores que criam esse risco, diz Medeiros, são a ocupação humana para construção de casas de praia, com eliminação da vegetação, inclusive em áreas de preservação, e a invasão do Pinus ellioti, espécie de pinheiro. “Essa área da Praia do Sonho em que encontramos a Commelina catharinensis fazia parte do Parque da Serra do Tabuleiro e foi retirada. Agora, em 2009, mais área ainda foi retirada. A descoberta dessa planta mostra a importância dessa conservação; mas parece que, quanto mais ameaças aparecem, mais retrocede o nível de proteção”, diz o professor.
A flor foi encontrada em 2011, durante uma saída para registro e divulgação sobre espécies de restinga, com atividades de coleta e fotografia, que publicam na internet. “É uma planta que passa despercebida para a maioria das pessoas”, comenta Medeiros. Mas o grupo de comelina com flores amarelas ocorre na África. A confirmação de que se trata de uma espécie não catalogada e a publicação do artigo só vieram após a verificação de que não eram plantas africanas trazidas para cá. Ainda cabe avaliar se é resultado de especiação, ou seja, surgimento recente de espécie.
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artigo ressalta ainda que, apesar de Santa Catarina ser o estado brasileiro em que a flora local é melhor pesquisada, nos últimos anos foi descrito um número considerável de novas espécies endêmicas no território.
Fonte: Agecom – UFSC
 

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